OS CORREIOS


               A origem dos correios remonta à antiguidade. Na Grécia, civilização fecunda em mitos, havia deuses mensageiros representados por Íris e por Hermes. No Antigo Egito, bem antes de Cristo, os faraós já se comunicavam com diferentes pontos do Estado por meio do envio de mensagens, gravadas em cerâmica.  
Em 550 a. C., na Pérsia, atual Irã, foi criado pelo rei Ciro, o Grande, um sistema de correios que interligava o imenso território ocupado. Aproximadamente setecentos anos depois, os chineses organizaram um correio monumental utilizando cerca de 400 carros, 50.000 cavalos e outros números grandiosos de animais (Wikipédia, Discovery Brasil).
Roma, no século I a. C., afixava diariamente na porta do Fórum a Acta Diurna, documento que continha informações políticas à população. Já por volta do ano 1150, na Universidade de Paris, segundo alguns historiadores, foi criado um correio destinado a incentivar a comunicação entre os estudantes e suas famílias. Em fins da Idade Média, em pleno Mercantilismo (XIV), a Liga Hanseática estabeleceu um correio entre as cidades pertencentes à aliança.
As comunicações entre “as terras brasileiras” e o Reino de Portugal remetem à chegada dos portugueses ao litoral da Bahia, em 1500, expressas por meio da carta de Pero Vaz de Caminha, enviada ao monarca de Portugal D. Manoel I, “O Venturoso”.
            Durante o Período Colonial, todo o sistema postal entre Brasil e Portugal foi precário. Mesmo com a criação do Correio-Mor das Cartas do Mar, em 1673, havia sérios problemas de comunicação entre o reino português e sua colônia brasileira. Em 1808, com a vinda da Família Real, a elaboração do primeiro Regulamento Postal brasileiro e a criação dos Correios Interiores, essa situação foi abrandada.
            No Império, durante as regências de Pedro I e II, o sistema postal nacional tornou-se independente e surgiram administrações de correios nas capitais das províncias, dirigidas por seus próprios presidentes. Criou-se também o corpo de carteiros e de condutores de malas a domicílio, além de serem instaladas as primeiras caixas de coletas, inicialmente no Rio de Janeiro.
Uberaba, cidade localizada na região do Triângulo Mineiro, fundada nos primeiros anos da segunda década de 1800, por Major Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, ligava-se à Vila de São Bento do Tamanduá, atual cidade de Itapecerica, por volta de 1831, por meio do “correio de comunicação” (PONTES, 1992, p. 47).
Iniciativa do Padre Antônio José da Silva, popularmente conhecido como Vigário Silva, a linha dos correios estava regulamentada nos “dispositivos do Art 25, cap. 4º do Regulamento Geral dos Correios, expedido em virtude do Decreto de 05 de março de 1829 da Câmara Municipal” (PONTES, 1992).  Para executar o transporte das mensagens, foram contratados quatro estafetas que, como identificação, levavam no chapéu “uma chapa de figura oval amarela com a legenda – Correio de Uberaba”. Esses funcionários estavam autorizados a usar em suas viagens armas “ofensivas e defensivas”. As malas dos correios lacradas a cadeado eram fechadas com o selo representativo das armas do Império e só podiam ser abertas por autoridades ou figuras ilustres do Arraial (PONTES)
Em 1857, Uberaba já estava elevada à condição de cidade (1856) e uma das atas, de um dos Livros de Atas da Câmara Municipal (documento do acervo do Arquivo Público), apresenta um requerimento de Antônio Borges Sampaio, solicitando que o Legislativo ateste a sua conduta pública e particular em relação aos seus trabalhos de Curador Geral dos Órfãos, de Promotor de Capelas e Resíduos e de Agente do Correio.
Ainda no Império, em torno de 1860, segundo o mesmo livro, a cidade era contemplada com os serviços postais, ligando-a a diversas localidades do país como: Santos, Dores do Campo Formoso (Campo Florido), São Pedro do Uberabinha (Uberlândia), Casa Branca e Franca do Imperador (Franca).
O livro de Atas dos Correios (acervo APU) registra que a primeira Agência Postal uberabense data do século XIX, 1894, já na República, na gestão do Presidente Prudente de Morais e do Agente Executivo Gabriel Orlando Teixeira Junqueira. A agência uberabense, instalada solenemente, no recinto do Paço Municipal (PONTES, 1992) era subordinada à administração dos Correios de Ouro Preto, na época capital do estado de Minas Gerais.
Em 1931, essa agência foi transformada em Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos e passou a funcionar na rua Artur Machado, antiga rua do Comércio, em um prédio de dois pavimentos (CONPHAU, Dossiê de Tombamento – Prédio dos Correios, 1999).
O serviço postal aéreo uberabense, também é de 1931. O primeiro avião-correio a pousar no campo do Jockey Club, pilotado pelo Tenente Lavannier chegou à cidade, às 12h45 min, do dia 20 de outubro, e foi efusivamente saudado por populares, autoridades, funcionários públicos, imprensa e a banda de música do 4º Batalhão (PONTES).
A vinda dos Correios para Uberaba, além de revelar a posição geográfica privilegiada da cidade, localizada no Brasil Central, refletiu a pujança econômica que o município vivia, como um importante entreposto comercial da região, expresso pela extensão da linha férrea da Mogiana que chegou a cidade, em 1889.
A Ata de inauguração da subadministração dos Correios, datada de 1894 e manuscrita por Antônio Borges Sampaio, registra que como subadministrador fora nomeado o Major Joaquim Rodrigues de Barcellos, ex-vereador da cidade, nas décadas de 1870 e 1880, e como carteiros Paulino de Sousa Alves e Joaquim Antônio Teixeira, além de outros funcionários da repartição.
Em 1944, na gestão do prefeito Carlos Martins Prates, a cidade vivia um novo ciclo econômico, representado pela vinda de indústrias para o município, a ampliação de avenidas, a criação das escolas Uberaba e Minas Gerais, a construção do Matadouro Municipal e do prédio da estação rodoviária, na praça Jorge Frange, além da remodelação da rede de distribuição elétrica.
É nesse contexto de franco desenvolvimento, aliado ao trabalho do deputado João Henrique Sampaio Vieira da Silva, representante político da região, no Legislativo Estadual, que se fomentou uma política para a construção do novo prédio dos correios (jornal Lavoura e Comércio) e, em 06 de dezembro de 1944, foi lançada a pedra fundamental da nova edificação, localizada à praça Dr Henrique Kruger, nº33. O novo prédio, uma obra em estilo arquitetônico moderno, dos anos 40, foi tombado, em 1990, e ratificada pelo Decreto 1900, de 19 de agosto de 1999, por meio do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba – CONPHAU.
Inaugurada em 17 de dezembro de 1955, na gestão do prefeito Artur de Melo Teixeira e no governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra, desse período até a contemporaneidade, a edificação passou por várias reformas, a última em 2009.

Cíntia Gomide Tosta

Referências:

ARQUIVO PÚBLICO DE UBERABA. Acervo Privado. Correios e Telégrafos de Uberaba. Nº 21
ARQUIVO PÚBLICO DE UBERABA. Administração Municipal em Uberaba.
Uberaba: Publi Editora e Gráfica LTDA, 2011.
CONPHAU. Bens Tombados no Município de Uberaba. Uberaba, 2006.
MENDONÇA, José. História de Uberaba. Edição Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1974.
PONTES, Hildebrando de Araújo. Vida, Casos e Perfis. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 1992.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Cronologia_das_telecomunica%C3%A7%C3%B5es
http://www.discoverybrasil.com/internet/interactivo.shtml

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