Hora H: Histórias, curiosidades e fatos que marcaram Uberaba




Apresentando

Hora H é uma publicação semanal, do Arquivo Público de Uberaba. 
Nela estarão curiosidades da história de Uberaba: textos, fotos, propagandas e também informações sobre nossas atividades.
Ressaltamos que as citações obedecem a ortografia da época.

Divirtam-se!

O São João

Aproveitando datas e movimentos em torno, nosso primeiro assunto é a festa de São João.
Foi da matéria do Lavoura e Comércio, 1903: “Costumes Antigos”, escrita por João Vieira de Almeida, que extraímos narrativa e inspiração.

João vai contar sobre as festas de São João em sua mocidade. Isso para antes de 1888: “Naqueles saudosos tempos, os costumes eram outros, porque ainda havia escravos que faziam quase parte da família [...] e tomavam parte saliente na festa [...]”.

Sua memória apeia numa fazenda.


A Preparação:


Gente ralando mandioca, fazendo farinha e polvilho.
Matança de porco visando linguiça e toucinho.
Forno aquecendo para mais logo os assados e biscoitos.
E doces e caldas de doces e compoteiras de doces.
Tudo aguardando e querendo.

Lá fora, varrição meticulosa do terreiro e decoração grotesca das senzalas. Para homenagear o Santo, ordenava-se asseio e beleza.


Dia da Festa:


Junho. De tardezinha começavam a chegar vizinhos, parentes, amigos e compadres.

Escurecia. Cerimônia elevando o mastro. Fogueira acesa assando batata doce e cana-de-açúcar.

Entre o fogo e a fé se acreditava que a gente podia andar em brasas sem queimar os pés.

Oito da noite o oratório era aberto, o povo lá se juntava e fazia a reza em honra ao Santo.

Depois o profano assumia.

Moças nas janelas soltando estrelinhas, meninos queimando rodinhas e pistolões.

Diz João: “[...] os negros e os caboclos de instantes a instantes davam salvas com uma roqueira fazendo estremecer as paredes da casa”.

Hora da “janta”. Veio a fome e se juntou à comida. Uma santa ceia para a casa grande e um rega-bofe para a escravaria.

E no caminhar das palavras, João Vieira junta o São João, os negros e os colonos europeus, e vai expondo seu pensar saudoso: “[...] a parte da festa de cunho mais característico que vai desaparecendo com a introdução dos colonos europeus é o batuque dos pretos.”.

Em detalhes nos deixa uma preciosidade histórica:

“[...] os pretos formavam um grande circulo em cujo centro ficava o tocador de tambaque (atabaque), espécie de caixa de rufo, um tambor fabricado de um só tronco de arvore, concava, e tendo couro numa só das extremidades. Este era o mestre sala, o regente da orchestra, enfim, a cujo aceno tudo porava ou continuava a dansar. [...] outros ainda tocavam pandeiros, raspavam taquaras dentadas e agitavam chocalhos [...] o batuque prosseguia ininterrupto até o raiar do dia.”
 Meia-noite. Desciam todos para uma fonte de água mais próxima. Iam lavar o São João. Mergulhado na água três vezes. Assim que o Santo emergia todos queriam lavar o rosto na água santificada ou contemplar a sua imagem no espelho da corrente. Aquilo traria sorte, felicidade.

Depois voltavam para as mesas e acabavam de vez com a fartura.

João Vieira despede-se de suas lembranças e cai na realidade: “Hoje, o que se vê pelas cidades? Os vulgares foguetes, os sediços, as ignobeis rodinhas, e os detestaveis pistolões. Onde o encanto das reuniões familiares, onde o cunho popular das festas? Ah! O cosmopolitismo [...]”.



Propagandas


Por ser assunto sempre atual, pretendemos dedicar uma coluna ao tema.

Vejam estas, extraídas do Jornal Gazeta de Uberaba, de 1879: 


Expediente

Textos: Miguel Jacob Neto e João Vieira de Almeida
Revisão: Maria Rita Trindade Hoyler
Departamento de Difusão, Apoio à Pesquisa e Atendimento

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