HISTÓRIA DE UBERABA - 199 ANOS
Uberaba está inserida em uma região que já pertenceu
à Capitania do Espírito Santo, São Paulo, Goiás e finalmente Minas Gerais.
De 1660 a 1670 a Região do Triângulo Mineiro,
onde está localizada a cidade de Uberaba, era conhecida como Sertão do Novo
Sul, Sertão Grande, Sertão Sul e Geral Grande. Posteriormente, passou a ser
conhecida como “Sertão da Farinha Podre”, termo nascido em 1807, quando uma
bandeira saiu do Desemboque e invadiu os sertões do Pontal do Triângulo Mineiro
até as margens do Rio Grande. Para justificar a denominação “Sertão da Farinha
Podre” os viajantes deixavam sacos de farinha no caminho para se alimentarem na
volta. Ao retornarem ao local encontravam a farinha apodrecida. Outra
explicação mais plausível para a denominação é que seria originária de uma
região portuguesa de onde vieram alguns portugueses exploradores.
Finalmente, em 1884 a
região ficou conhecida como Triângulo Mineiro, denominação idealizada pelo Dr.
Raymond Henrique Des Genettes, médico francês, jornalista e político, radicado
em Uberaba, por saber que a região situava-se entre os rios Grande e Paranaíba,
terminava na junção desses dois rios, formando o Rio Paraná, e apresentava a
forma aproximada de um triângulo.
Os primeiros habitantes
da região foram os índios tupis, depois os tremembés, os caiapós e os araxás, de
tradições seminômades, cujas tribos se movimentavam de um local para outro. Eles
viviam em grupos de poucas famílias, com simplicidade e sobreviviam do que a
natureza oferecesse.
Portugal
passou a ter interesse pela Região a partir dos fins do século XVI, tendo como objetivo
encontrar os minerais preciosos, amansar os índios e, se fosse preciso, até
exterminá-los para que as metas da Coroa Portuguesa fossem cumpridas.
A
primeira investida do colonizador português, ou seja, do homem branco, sobre a
Região do Triângulo Mineiro, começou em fins do Século XVI, precisamente a
partir do ano de 1590, data da primeira “bandeira” (expedição), chefiada pelo
capitão Sebastião Marinho,
que partiu de São Paulo e atingiu o Rio Tocantins, em Goiás.
Por
volta de 1600 surgiu a Aldeia de
Santana do Rio das Velhas (hoje Araguari), considerado o primeiro
núcleo de povoamento branco na área que seria o futuro Estado de Minas Gerais,
fundado pelos padres jesuítas com o objetivo de aculturar os índios, ou seja,
catequizá-los.
Posteriormente,
inúmeras “bandeiras” paulistas foram organizadas ao longo dos séculos XVII e XVIII,
com a mesma finalidade. As mais significativas para a Região do Triângulo
Mineiro são descritas abaixo:
-Em
1615 partiu de São Paulo uma “bandeira” liderada por Antônio Pedroso de Alvarenga que
atravessou a Região do Triângulo Mineiro com destino a Goiás.
-Outra
“bandeira” partiu de São Paulo em 1682 e também atravessou o Triângulo Mineiro
até alcançar Goiás, sendo liderada por Bartolomeu Bueno da Silva (o velho Anhanguera) que levou seu
filho Bartolomeu Bueno da Silva Filho de apenas 12 anos.
-Em 1722 partiu outra “bandeira” de São
Paulo rumo a Goiás, visando para a abertura de uma estrada para a exploração de
minas de ouro, prata e pedras preciosas. Essa missão ficou a cargo de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho
de Anhanguera). Ao passarem pela região se depararam com os índios caiapós.
Essa expedição era composta por 152 homens, entre os quais 20 índios
carregadores, 3 religiosos, 20 índios, 1 mascate francês e 39 cavalos. Ela
partiu de São Paulo seguindo os rios Atibaia, Camanducaia, Moji-Guaçu, Grande
(Porto da Espinha), passando em Uberaba, a sessenta metros dos fundos do atual
cemitério São João Batista. Depois a expedição continuou a viagem em direção ao
Rio das Velhas e penetrou em Goiás pelo Rio Corumbá. Segundo alguns relatos da
época, a expedição passou por terras de Uberaba. Esta rota ficou conhecida
como Estrada Real ou Anhanguera, que
consistia em um importante caminho para que as autoridades portuguesas
implantassem a colonização, a produção e escoamento dos minerais preciosos. Na
verdade, a maioria das riquezas minerais do Brasil-Colônia foi levada para
Portugal e utilizada para o pagamento de suas dívidas em relação à Inglaterra.
-Posteriormente,
a expedição do filho de Anhanguera fundou em 1725 o povoado de Vila Boa em Goiás.
Dessa forma foi aberta a estrada que passava pelas terras de Uberaba. Por
esse feito, Bartolomeu Bueno da Silva Filho recebeu como recompensa a nomeação
de Capitão-Mor Regente das minas de Goiás e o direito de conceder “sesmarias”
(concessão de terras para povoamento).
-Em
1727, Antônio de Araújo Lanhoso foi
o primeiro homem branco que se fixou na região de Uberaba e um dos primeiros a
receber sesmarias ao longo da estrada de Anhanguera, a 15 km de
Uberaba, no córrego do Lanhoso, que corre paralelo à rodovia para
Uberlândia.
-Outra
estrada denominada Picada de Goiás foi
aberta em 1736, saindo de Minas Gerais e passando do lado oriental da Serra da
Canastra, atingindo terras de Araxá em direção à Vila Boa. A estrada foi
terminada em 1738, ligando as minas goianas a São João Del Rei e Vila Rica. Ao
longo dessas estradas foram concedidas também sesmarias, ou seja, terras que
aos poucos foram sendo ocupadas pelo colonizador branco.
Uberaba tem, então, a sua origem na ocupação
do Triângulo Mineiro, que ficou sob a jurisdição de Goiás até 1816, quando a região
passou a pertencer à província de Minas Gerais, de acordo com o Alvará de D.
João VI, de 04/04/1816.
A exploração e o povoamento de
todo o Triângulo Mineiro, de modo geral,
ocorreu, como em todo o “Brasil-Colônia”, pelo amansamento e extermínio
das populações indígenas e dos negros nos quilombos. As estradas para a Região
do Triângulo Mineiro e Goiás tornaram-se palco de batalhas entre os
exploradores dos sertões e os índios. A invasão de terras indígenas provocou
muitas vezes sangrentas guerras contra os caiapós, no antigo Sertão da Farinha
Podre (Triângulo Mineiro). Vários quilombos também foram ameaçados pelos
exploradores brancos.
Diante
dessa insegurança, o governo de Goiás viabilizou o policiamento das estradas e
nomeou, em 1742, o coronel Antônio
Pires de Campos Filho para policiar, amansar e até mesmo exterminar
os índios caiapós da região do Triângulo Mineiro. Fato constatado com a matança
dos caiapós, sendo em sua maioria derrotados, submetidos e alojados também com
tribos bororo, do Mato Grosso, em 18 aldeias ao longo da estrada. Uma dessas
aldeias de índios mansos (Aldeia de Uberaba Falso) ficava onde se fundou
Uberaba, próxima à Barra do Córrego da Lage. O coronel instalou apenas quatro
dessas 18 aldeias ao longo da Estrada de Anhanguera para proteger as caravanas
que nela trafegavam. Mais tarde, em 1751, o coronel Pires de Campos faleceu em
Paracatu, vítima de uma flechada, ocasionando septicemia.
Em
1766 foi criado o Julgado de Nossa
Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Velhas (Desemboque),
sob a administração de Goiás, abrangendo a região do Triângulo e quase todo o
sul de Goiás. Era um local rico em minas auríferas e de intensa
exploração. A posse desse arraial pelo governo de Goiás era vantajosa aos
moradores de Minas Gerais, pois estavam livres do pagamento de imposto sobre
minerais, denominado "derrama", cobrado em Minas Gerais.
Desemboque teve o seu esplendor até 1781, quando as minas auríferas se
esgotaram. Algum tempo depois grande número de pessoas migrou para outras
terras, ou seja, para o Arraial de Uberaba, fundado por Major Eustáquio.
Portanto, a história do Desemboque é de fundamental importância para
compreender o povoamento de Uberaba.
-Em
1807 um grupo de homens (Januário Luís da Silva, Pedro Gonçalves da Silva, José
Gonçalves Heleno, Manuel Francisco, Manuel Bernardes Ferreira e outros)
oriundos de Desemboque adentrou e ficou no Córrego da Lage. Segundo o historiador
Borges Sampaio, o cirurgião prático Pedro Gonçalves da Silva, cujo apelido
era Pedro Panga,
aproveitando-se da vizinhança de índios mansos, se fixou e construiu, em 1809,
uma casa, próxima de onde se encontra atualmente o Hospital Dr. Hélio Angotti.
Prosseguindo
a exploração das terras, o governo de Goiás para dinamizar a administração dos
Sertões, nomeou em 1809, Antônio
Eustáquio da Silva Oliveira (major Eustáquio), para a função de
comandante “Regente do Sertão da Farinha Podre” (Triângulo Mineiro) e, em 1811
foi nomeado por Ato Governamental, “curador de índios”. Ele era natural de Ouro
Preto e residente em Desemboque.
-Em
1810, major Eustáquio organizou no Desemboque uma “bandeira”, passando por
terras de Uberaba e seguindo até o Rio da Prata, formado pelos rios Piracanjuba
e do Peixe.
-Outra
expedição chefiada por José Francisco Azevedo, atingiu a cabeceira do Ribeirão
Lajeado, fundando o arraial da
Capelinha em 1812, aproximadamente a 15 km do Rio
Uberaba, próximo ao povoado de Santa Rosa. O povoado chegou a ter vinte casas e
foi erguida uma capelinha com as imagens de Santo Antônio e São Sebastião. O
Arraial era conhecido como Lageado ou Capelinha. Entretanto, não se desenvolveu
por falta de água e terras férteis, conforme constatou major Eustáquio em
visita ao local.
-Para
prosseguir a colonização, o “Regente dos Sertões” major Antonio Eustáquio da Silva Oliveira (conhecido como major Eustáquio
e fundador de Uberaba), comandou outra expedição em fins de 1812,
composta por 30 homens, com o objetivo de procurar novas terras para se estabelecerem.
A expedição chegou ao Rio Uberaba e fixou-se na margem esquerda do Córrego das
Lages com o Rio Uberaba, onde foi edificada a Chácara da Boa Vista (hoje Fazenda Experimental da Epamig na
Univerdecidade). Major Eustáquio constatou que Uberaba tinha três condições
para o povoamento: recursos hídricos, terras férteis e posição estratégica
favorável. Junto com o major Eustáquio (considerado o fundador de Uberaba)
vieram fazendeiros e aventureiros que passaram a produzir e comercializar com
as caravanas que ligavam Goiás a São Paulo. Em 1816 o major Eustáquio construiu
um retiro para o gado, uma tenda de ferreiro e a sua residência na Praça Rui
Barbosa. A sua função consistia em dar proteção para os colonos e índios
mansos, além de expulsar para longe do arraial os índios bravos e quilombolas.
Consequentemente, grande número de pessoas e famílias do arraial da Capelinha e
do Desemboque, sabendo das condições propícias
do arraial de Uberaba, e do prestígio e segurança que o comandante major
Eustáquio oferecia, migraram para o novo arraial. Era uma população muito
heterogênea: mineiros que se estabeleceram como fazendeiros, boiadeiros, mascates,
comerciantes, criadores de gado, ferreiros e até criminosos foragidos. Os
moradores construíram suas casas térreas de pau-a-pique ao redor do retiro de major
Eustáquio, formando a “Rua Grande” (atualmente Rua Manoel Borges e Vigário
Silva). Edificaram suas casas e estabelecimentos comerciais acompanhando as
ondulações dos terrenos e serpenteando os pequenos regatos. Os moradores do
Arraial da Capelinha trouxeram para Uberaba os seus santos protetores e com
autorização do major Eustáquio construíram uma Capela (atual Praça Frei Eugênio, hoje Escola Estadual Minas
Gerais), tendo como oragos Santo Antônio e São Sebastião. Posteriormente a capela
foi transformada em Matriz, com
a criação da Paróquia, benzida em 1818 pelo vigário do Desemboque Hermógenes
Cassimiro de Araújo Brunswick. Assim foi estabelecido o reconhecimento do
povoado pela Igreja, instituição que tinha prestígios decisórios junto aos
governos. A Igreja Católica estava unida ao Estado e a bênção de uma
capela oficializava, na administração, o nome do Arraial, que passou a
chamar-se “Arraial de Santo Antônio e São Sebastião da Farinha Podre”,
designação ostentada até 1820.
Segundo
o historiador Borges Sampaio, “o Arraial se desenvolveu e tinha 30 casas e já
contava com 1.621 habitantes, dos quais 417 eram escravos”, o que demonstra a
riqueza dos proprietários de terras e a grande exploração da mão-de-obra
escrava. A atividade econômica predominante era a agricultura de subsistência,
necessária para alimentar a sua população, além das tropas que passavam pelo arraial.
Em 1819 havia criadores com 500 e até 1.000 cabeças de gado, fato que demonstra
grande atividade pecuarista. As casas eram construídas com material simples e
sem jardim, erguendo-se no alinhamento das ruas e serpenteando a naturalidade
dos córregos.
O colonizador branco foi ocupando as terras à
medida que os índios eram aculturados ou expulsos de suas terras formando-se
extensas propriedades, devido o baixo valor da terra e a isenção de impostos
sobre elas.
O arraial
foi crescendo e isso permitiu que em 2 de março de 1820, o rei D. João VI
decretasse a elevação do Arraial de Santo Antônio e São Sebastião à condição
de Freguesia (Paróquia). (documento
oficial mais antigo de Uberaba)
Freguesia
era o termo eclesiástico que designava o território de atuação de um vigário. Com isso ocorreu um desligamento dos laços religiosos que
subordinavam o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião (Uberaba) à Vila do
Desemboque. O decreto constituiu um grande avanço para a comunidade. Significou
a emancipação e gerência própria em assuntos de ordem civil, militar e
religiosa. Foi o reconhecimento oficial tanto pela Igreja, quanto pelo Governo
Real. Dada a importância histórica de
02/03/1820, quando a cidade foi elevada à Freguesia, (Decreto: documento
oficial mais antigo do Município), instituiu-se oficialmente tal data para que
se comemorasse o aniversário de Uberaba a partir de 1995.
A Catedral (Igreja do Sagrado Coração de Jesus)
também comemora 199 anos em 2019, pois em 1820 foi criada por decreto, a
Freguesia (termo eclesiástico), que deu autonomia em relação a Desemboque em
assuntos eclesiásticos na Freguesia.
O
fundador e comandante de Uberaba major Eustáquio e os fazendeiros mais
importantes passaram a exigir a criação da Câmara Municipal. Entretanto, o
fundador de Uberaba faleceu em 1832 e assumiu a liderança da Freguesia o seu
irmão capitão Domingos da Silva Oliveira. Nessa época o Governo Regencial (1831
a 1840) implantou no Brasil uma política descentralizadora, viabilizando a
elevação de Vila em muitos locais do País. A Freguesia de Uberaba em pouco
tempo mostrava grande desenvolvimento e já contava com um número considerável
de habitantes: agricultores, pecuaristas, comerciantes e de outras profissões,
reunindo as condições para ser elevada à condição de Vila. Devido a esses fatos
o Governo Provincial de Minas Gerais elevou Uberaba (Freguesia) à condição de Município (Vila) de Santo Antônio
de Uberaba em 02 de fevereiro de 1836, tornando-se autônomo, com território
demarcado e com a Câmara Municipal.
Esta foi instalada em 1837, em um prédio na Praça Rui Barbosa, que também
abrigou a cadeia, uma tradição dos tempos coloniais. Os primeiros vereadores
eleitos eram comerciantes prósperos, fazendeiros e representantes do clero. A
Vila cresceu e assumiu importância pela posição geográfica e pela grande
atividade econômica.
Uberaba,
em 1840 passou a sediar uma Comarca pela
Lei provincial mineira nº 171, com a finalidade de implantar a justiça na
região, tendo como primeiro juiz de Direito Joaquim Caetano da Silva Guimarães.
O
crescimento econômico e populacional da Vila de Santo Antônio de Uberaba viabilizou
em 1846 a conquista de um Colégio Eleitoral, vindo a ser sede de grande colégio, que era responsável
pela nomeação de um Deputado Geral e de um suplente para a Assembléia
Legislativa. Tornou-se um importante
centro comercial, com uma população de aproximadamente duas mil pessoas
e 337 habitações.
Em 1850 teve início a industrialização, com a implantação da fábrica de chapéus por Luís
Soares Pinheiro.
A primeira
escola pública feminina de Uberaba foi criada em 1953 e o engenheiro Fernando Vaz de Melo funda em 1854
o 1º estabelecimento de ensino
Secundário de Uberaba.
A Catedral
Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus, situada na Praça
Rui Barbosa, iniciou a celebração dos atos paroquiais em 1856, muito antes do
término de sua construção iniciada em 1827.
Devido ao seu grande crescimento de Uberaba que era
uma vila, mereceu o título de Cidade
em 02 de maio de 1856, pela Lei Provincial Mineira nº 759.
A Igreja Santa Rita, construída em 1856,
é a primeira edificação de Uberaba tombada em 1939 pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional – Iphan pelo seu grande valor histórico,
arquitetônico e cultural.
Na década
de 1860 a cidade tentou produzir algodão para a exportação,
atendendo os interesses das indústrias de tecelagem.
Teatro São Luiz, localizado
na Praça Rui Barbosa entrou em funcionamento em 1864 promovendo eventos e
espetáculos.
Em
1865 passou a funcionar o primeiro Centro
Espírita de Uberaba, por iniciativa do professor João
Augusto Chaves.
Sabe-se que a história e o desenvolvimento de
Uberaba na década de 1870 estão diretamente ligados à guerra do Paraguai, que
ocorreu entre 1865 a 1870, com o consequente bloqueio do Rio da Prata que
desviou todo o trânsito destinado à Província de Mato Grosso para Uberaba, esta
passou a ter sua atividade comercial intensamente ampliada e serviu como ponto
de passagem das tropas rumo ao Mato Grosso. Aconteceu em Uberaba o encontro de
tropas que compuseram o Corpo Expedicionário, tendo como um dos membros o visconde
de Taunay. Houve a construção do Cruzeiro
do Cachimbo, próximo do 4º Batalhão, considerado um marco histórico pela
celebração da missa em intenção ao Corpo Expedicionário que seguiu para a
guerra do Paraguai. Hoje, o Cruzeiro do Cachimbo é um bem tombado pelo Conphau
e instalado na Praça Magalhães Pinto.
O jornal Gazeta de Uberaba foi fundado em 27/04/1879
por João Caetano de Oliveira e Sousa e Tobias Antônio Rosa.
Entre 1881 e 1882 foi construída a igreja em
homenagem a Nossa Senhora da Abadia, padroeira de Uberaba. A primeira festa
ocorreu em 15 de agosto de 1882 e as obras foram concluídas em 1899.
Em 1882 foi inaugurada a iluminação pública por
meio de vinte e cinco lampiões a querosene.
A Fábrica de Tecidos do Cassu foi fundada em 1882
pelos irmãos Zacarias. Mais tarde, a fábrica, foi denominada Cia. Têxtil do
Triângulo Mineiro e funcionou até 1993.
O Colégio Nossa Senhora das Dores foi fundado em
1885, pelas irmãs dominicanas, e está em pleno funcionamento até hoje.
O
progresso de Uberaba se acentuou com a inauguração da Estrada de Ferro em
1889, um acontecimento que viabilizou:
- A partir de 1890, desenvolvimento da pecuária zebuína a pecuária
que buscou melhoria da qualidade bovina, nascendo a zebuinocultura, que
projetou o criatório uberabense e transformou Uberaba em centro difusor de
tecnologia e pesquisa genética das raças de origem indiana;
- O desenvolvimento comercial e
intercâmbio com os grandes centros de Minas Gerais e São Paulo;
- A aceleração da urbanização. Crescimento
de edificações urbanas e comerciais;
- A vinda do imigrante europeu
para a Uberaba. Os primeiros imigrantes foram os italianos que criaram
inclusive um consulado na cidade. Depois vieram os portugueses, espanhóis,
árabes, alemães, chineses, japoneses. Consequentemente, acentuou-se o desenvolvimento
cultural e econômico de Uberaba que passou a refletir na estrutura urbana, onde
surgiram requintadas construções no estilo eclético. Muitas dessas edificações
foram projetadas e construídas pelos imigrantes italianos e espanhóis que
trouxeram de seus países de origem a técnica e a experiência. Muitos
fazendeiros uberabenses transferiram suas residências do campo para a cidade e
passaram a morar nos palacetes em estilo eclético. Estas requintadas
residências constituíam locais de encontros políticos, sociais e festivos,
eventos que permitiram muitas decisões que definiram a história do município.
A população do município crescia, assim como os atos ilegais e devido a isso
era preciso um aparato policial para resguardar os cidadãos uberabenses. Em 06
de maio de 1890 o governador de Minas Gerais, João Pinheiro da Silva, institui
um decreto s/nº, que em seu artigo 8º organizou “quatro corpos militares” e
estabeleceu os locais de estacionamento, com o objetivo de dar maior segurança
para as regiões de Minas Gerais.
-
Primeiro Corpo - Capital (Ouro Preto);
- Segundo
Corpo - Uberaba (Triângulo Mineiro);
-
Terceiro Corpo - Juiz de Fora;
Uberaba foi contemplada com
o Segundo Corpo Militar, respondendo por todo o Triângulo Mineiro.
Entretanto, teve uma efêmera permanência na cidade, pois o Decreto nº 1.631 de
26/08/1903, assinado pelo Dr. Francisco Sales, o transferiu para a capital do
Estado de Minas Gerais, a população de Uberaba desassistida de proteção
militar. Apenas permaneceu em Uberaba um pequeno efetivo da corporação. Foi
somente em 25 de novembro de 1909 que a Força Militar se estabeleceu
definitivamente na cidade, quando foi criado o 4º Batalhão da Polícia
Militar de Minas Gerais, sediado em Uberaba. Inicialmente, a
força policial se estabeleceu em um prédio na Rua Arthur Machado até o ano de
1932. Depois o 4º Batalhão foi instalado na Praça Frei Eugênio (Prédio do Senai)
até 1947, quando foi instalado definitivamente em prédio próprio na Praça
Magalhães Pinto e permanece, até a presente data.
O Instituto
Zootécnico de Uberaba, proposto por Alexandre Barbosa, foi inaugurado
no dia 5 de agosto de 1895, com a finalidade de formar profissionais
cientificamente preparados para orientar a produção pecuária. O Instituto foi instalado
em uma fazenda desapropriada pelo governo do estado de Minas Gerais para
abrigar essa nova instituição de ensino.
Em
1899 foi fundado o Clube Lavoura e Comércio com o objetivo de
defender a lavoura e a pecuária, combatendo os altos impostos e as
interferências do novo governo republicano na atividade rural. Foi lançado o
jornal Lavoura e Comércio que, em seu
primeiro número, ocupou toda sua primeira página, expondo os ideais dos
ruralistas.
O Colégio Marista iniciou
o ensino para 86 alunos internos e externos, em 1903, por iniciativa dos irmãos
maristas que vieram da França.
Em 1904 inaugurou-se a Igreja
São Domingos, um marco para os dominicanos, pelo fato de ser a primeira igreja
da ordem dominicana construída no Brasil.
Em 1905 foi implantada a energia
elétrica pela empresa Ferreira, Caldeira & Cia, fato que
impulsionou o desenvolvimento da cidade.
Em 1906, tiveram início as exposições
de gado bovino, que foram muito prestigiadas, notadamente pelo Presidente
da República Getúlio Dorneles Vargas, nas décadas de 1930 a 1950.
A Diocese de Uberaba foi
criada em 1907, tendo como primeiro bispo D. Eduardo Duarte Silva e foi elevada
à categoria de Arquidiocese em 1962.
O Agente Executivo Felipe Aché criou
em 1909 a primeira Biblioteca Pública Municipal de Uberaba,
denominada “Bernardo Guimarães”, estabelecendo-a em um porão da Câmara Municipal
de Uberaba, um fato que denotou na época a pequena importância dada à educação
e à cultura do município.
Em 1909 foi inaugurado pelo estado de Minas Gerais o primeiro
grupo escolar de Uberaba, denominado Grupo Escolar Brasil,
localizado até hoje na Praça Comendador Quintino.
Pela iniciativa de José Maria dos Reis,
o governo do Estado de Minas Gerais criou, em 1917, a primeira
instituição de ensino agrícola de Uberaba, denominada Aprendizado
Agrícola Borges Sampaio.
Em 1926 criou-se a primeira instituição
de ensino superior na área da saúde bucal e da farmacologia, conhecida
como Escola de Farmácia e Odontologia, que recebia alunos das mais
diversas regiões do Brasil e até do exterior.
Os primeiros protestantes de Uberaba
foram os metodistas, cujos missionários iniciaram seus trabalhos em
23/08/1896 nas casas de fiéis e amigos. O templo foi inaugurado em 1924, na Rua
Moreira César, no bairro Fabrício.
Mário Palmério fundou em 1947
a Faculdade de Odontologia do Triângulo Mineiro, oportunizando
mais tarde o ensino em outras áreas do conhecimento, na década de 1950, com as
Faculdades Integradas de Uberaba (Fiube) e, desde 1988 Universidade de Uberaba
(Uniube).
Em 1949 as irmãs dominicanas fundaram
a Faculdade de Filosofia e Letras São Tomás de Aquino.
As irmãs concepcionistas chegaram a
Uberaba em 1949 e em 1961 inauguraram a Igreja da Medalha Milagrosa.
A Faculdade de Medicina do
Triângulo Mineiro se estabeleceu em 1954 e foi transformada em Universidade
Federal do Triângulo Mineiro em 2005, oferecendo cursos em diversas áreas do
conhecimento.
Nas décadas de 1970 e 1980 foram
instalados os primeiros distritos industriais da cidade,
apoiados com investimentos do Governo Federal.
Na década de 1990 nasceu a Univerdecidade-Parque
Tecnológico de Uberaba para viabilizar a pesquisa e o ensino
técnico-profissionalizante, relacionados à ciência da informação e à
agroindústria, notadamente para a genética vegetal e animal.
O Centro de Pesquisas
Paleontólogicas Llewellyn Ivor Price e Museu dos Dinossauros foram criados
em 1992. O museu é um dos mais importantes do Brasil, possuindo fósseis
de 65 a 72 milhões de anos de idade. Localizado em Peirópolis, o
museu é conhecido pela população regional e por visitantes de outros estados e
países.
Uberaba conta com marcos reconhecidos
no Brasil e no mundo: a expressão espiritual de Chico Xavier, o desenvolvimento
da pecuária zebuína e a paleontologia.
Nos primórdios da sua história fora um
Arraial, e hoje, no terceiro milênio (Século XXI) representa um centro
comercial dinâmico; uma agricultura produtiva; uma pecuária seletiva, com
importação de reprodutores e matrizes da Índia; um parque industrial
diversificado, uma estrutura de ensino desenvolvida; uma planejada estrutura
urbana, com características culturais sui
generis, que têm atendido as demandas nos aspectos econômicos, culturais e
de serviços essenciais à população.
Marta Zednik de Casanova
Superintendente do Arquivo
Público de Uberaba
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