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Mostrando postagens com o rótulo CRÔNICAS DE OUTROS TEMPOS E LUGARES

SOB O AZUL DE NUVENS

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“Quando um muro separa, uma ponte une...” (Paulo César Pinheiro\ PESADELO) Quando o primeiro tronco caiu sobre um pequeno riacho e suas extremidades ocuparam as margens opostas, estava inaugurada uma nova maneira de se ultrapassar obstáculos em busca de alimento e de abrigo. Esse jeito natural de interligar, no mesmo nível, pontos separados por rios, vales ou outros impedimentos foi prontamente imitado pelo homem e, na época dos etruscos, recebeu o nome de “pont” (estrada). Desde as primeiras, de troncos de árvores ou pranchas de pedra, a evolução de suas construções levou a humanidade a conceber estruturas duradouras diversificadas: em arcos, em ferro fundido, com treliças ou cabos, em aço ou suspensas em extensos vãos (sob água ou meio seco) e à criação, na França, da primeira escola superior de engenharia civil, a École de Ponts et Chaussées, do século XVII. Existem as mais famosas (Ponte 25 de abril, suspensa, liga Lisboa à margem sul do rio Tejo; Ironbridge, primeira ponte ingl...

TRILHOS, GENTE E HISTÓRIAS

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...Todos os dias é um vai-e-vem A vida se repete na estação Tem gente que chega pra ficar Tem gente que vai pra nunca mais Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai e quer ficar Tem gente que veio só olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim, chegar e partir São só dois lados Da mesma viagem... ( Encontros e Despedidas - Milton Nascimento) Para alguns, o ruidoso ritmo do trem de ferro é música que preenche o dia ou acalanta o sono noturno. Poesia à parte, no século XIX, constituir uma malha ferroviária era um acontecimento atopetado de disputas e conflitos pelo mais eficiente e mais lucrativo traçado. Filha de cafezais e burburinhos acalorados, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (1888) , nasceu, nos arredores de Campinas (SP), em ambiente nada pacato. Os homens do café se altercavam para garantir que o caminho de ferro alcançasse suas propriedades: isso diminuiria custos com transportes e valorizaria terrenos. Instalados os carris, a temperatura das negociaç...

DOCES RÉPTEIS

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Que os dinossauros foram extintos há milhões de anos, não é novidade para nenhum vivente deste mundo. O curioso é a presença quase viva desses “milionários” bichões. Nunca deixaram de ser pesquisados pela ciência e, explorados pela mídia, foram reinventados no cinema e estampam camisetas, lancheiras e mochilas escolares, histórias em quadrinhos e portas de geladeira. Uberaba, terra cheia de acontecimentos que lhe permitem fazer bonita figura perante o mundo, veste-se de cerrado, refresca-se nas cachoeiras, capricha no tratamento dado ao gado zebu e tem sua “Terra dos Dinossauros”. É... O precioso pedaço tem nome e sobrenome e corre à boca pequena que será transformado, pela UNESCO, em patrimônio da humanidade. Frederico Peiró saiu de Linares (Espanha), quase no final do século XIX. Por volta de 1895, já morava em uma região próxima 20 km de Uberaba, conhecida como Estação Paineiras [1] e administrava uma fábrica de cal. Meia dúzia de anos mais tarde, fundou a própria empresa e prosper...

O DESEMBOQUE E SEUS MUITOS FILHOS

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“O chapadão termina. Começam os vales, colinas, morros e riachos que circundam o Desemboque, nosso berço civilizatório. Esta era nossa primeira vez. Talvez por isso, a sensação de uma aventura no tempo fosse maior. Ao chegarmos fomos recebidos pelo silêncio. Desemboque parecia dormir embora meio-dia fosse. (...) Gente havia. As igrejas Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora do Desterro insistiam incólumes, ostentando o peso de dois séculos...” Quando meu irmão, o jornalista Heitor Átila Fernandes, escreveu essa minicrônica, eu ainda não atinava muito para o conhecimento histórico e a conservação. De lá pra cá, passaram-se oito anos e, considerando que já se prevê por aí que a capacidade de informação vai se multiplicar a cada setenta e duas horas, a partir de 2011, creio estar um pouco atrasada e que, inversamente proporcional à velocidade da informação, é a velocidade da preservação. Desemboque, como afirmam alguns historiadores, espera pelo fim, nada mais. Quem acompanhou Desejo Pr...