ICONOGRAFIA E A PRAÇA DA GAMELEIRA
Em 1900, a árvore já era centenária e, em 1970, foi arrancada, abrindo uma enorme cratera, tapada com a construção de um palco e bancos em formato de arena, que ironicamente foi batizada de Praça da concha Acústica, que de acústica não tem nada, exceto quando havia eventos e o som eletrônico esgarçava os ouvidos dos moradores da redondeza.
Ao ter a foto em mãos, fiquei a observar os detalhes que a compõem; os transeuntes, as pessoas sob a sua sombra, os casarios e uma satisfação acompanhada de lamúria apoderaram-se de mim.
A satisfação pela preservação de fotos históricos no Arquivo Público, possibilitando estudos em disciplinas culturais a partir de fotos; história do design, história da arte, história da fotografia, sociologia. Esse estudo se chama iconografia, que é a leitura de imagens ou signos, com sentido significativo para determinadas culturas. A leitura crítica das imagens explora valores socioculturais e pode ser feita através da identificação, descrição, classificação e interpretação do tema das representações figurativas, e as fotos são elementos importantes nesse processo de recuperação e desvendamento dos aspectos de uma sociedade e de seus valores.
O JM tem nos brindado, aos domingos, com uma série de cartões fotográficos históricos de Uberaba, irrigando, assim, a cultura e possibilitando o seu uso em sala de aula, como design em camisetas e postais, colecionar, guardar. Várias fotos já foram publicadas e distribuídas nos encartes do Jornal. A iniciativa é ótima e os textos que historiam o objeto fotografado são de qualidade ímpar.
A parceria cultural entre o JM e o APU nos permite conhecer um pouco mais do processo histórico uberabense e desperta a todos para o valor cultural.
Depois, veio a lamúria, como havia dito anteriormente, porque a nossa cultura absorve vagarosamente os conceitos socioeconômicos e ambientais e, continuamos realizando o legado da destruição.
A inexistência da árvore da Gameleira traduz as estratégias de desenvolvimento urbano com a ausência de concepção de valores. Entretanto, as publicações dessas fotos têm sido manancial para a reflexão e um olhar para o futuro, permitindo-nos interrogar que tipo de sociedade e de relações estamos estruturando como legado.
Depois, passei pela tal Praça da Concha Acústica. Ela é de uma secura de mau gosto e de pouca praticidade. Quando não existiam locais de apresentações artísticas em Uberaba, talvez ali tenha sido um local útil, mas, definitivamente, não é um espaço agradável e racional para o entretenimento.
Tomara que um dia ela seja remodelada, como proposta reivindicativa da sociedade que clamou pelo verde em substituição ao concreto.
Texto: Professor Gilberto Caixeta
Publicado originalmente no Jornal da Manhã – 04/09/2008
Ao ter a foto em mãos, fiquei a observar os detalhes que a compõem; os transeuntes, as pessoas sob a sua sombra, os casarios e uma satisfação acompanhada de lamúria apoderaram-se de mim.
A satisfação pela preservação de fotos históricos no Arquivo Público, possibilitando estudos em disciplinas culturais a partir de fotos; história do design, história da arte, história da fotografia, sociologia. Esse estudo se chama iconografia, que é a leitura de imagens ou signos, com sentido significativo para determinadas culturas. A leitura crítica das imagens explora valores socioculturais e pode ser feita através da identificação, descrição, classificação e interpretação do tema das representações figurativas, e as fotos são elementos importantes nesse processo de recuperação e desvendamento dos aspectos de uma sociedade e de seus valores.
O JM tem nos brindado, aos domingos, com uma série de cartões fotográficos históricos de Uberaba, irrigando, assim, a cultura e possibilitando o seu uso em sala de aula, como design em camisetas e postais, colecionar, guardar. Várias fotos já foram publicadas e distribuídas nos encartes do Jornal. A iniciativa é ótima e os textos que historiam o objeto fotografado são de qualidade ímpar.
A parceria cultural entre o JM e o APU nos permite conhecer um pouco mais do processo histórico uberabense e desperta a todos para o valor cultural.
Depois, veio a lamúria, como havia dito anteriormente, porque a nossa cultura absorve vagarosamente os conceitos socioeconômicos e ambientais e, continuamos realizando o legado da destruição.
A inexistência da árvore da Gameleira traduz as estratégias de desenvolvimento urbano com a ausência de concepção de valores. Entretanto, as publicações dessas fotos têm sido manancial para a reflexão e um olhar para o futuro, permitindo-nos interrogar que tipo de sociedade e de relações estamos estruturando como legado.
Depois, passei pela tal Praça da Concha Acústica. Ela é de uma secura de mau gosto e de pouca praticidade. Quando não existiam locais de apresentações artísticas em Uberaba, talvez ali tenha sido um local útil, mas, definitivamente, não é um espaço agradável e racional para o entretenimento.
Tomara que um dia ela seja remodelada, como proposta reivindicativa da sociedade que clamou pelo verde em substituição ao concreto.
Texto: Professor Gilberto Caixeta
Publicado originalmente no Jornal da Manhã – 04/09/2008
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