DIA DA IMPRENSA
COMEMORADO EM PRIMEIRO DE JUNHO


A IMPRENSA E OS PRIMEIROS JORNAIS EDITADOS EM UBERABA




Impressora em meados do Século XIX


Apesar do papel e das técnicas de impressão terem sido criados na China, por volta do século II, foi na Europa, aproximadamente no século XV, que o processo de impressão desenvolveu-se, graças ao trabalho de vários pioneiros, entre eles o sacristão holandês Laurens Janszoon Coster e o capitalista Johan Fust.
Em 1440 o ourives alemão Johannes Guttenberg imprimiu tipograficamente aproximadamente 300 Bíblias provocando uma verdadeira revolução na técnica da impressão. Reutilizando os “tipos móveis” sobre blocos de madeira e posteriormente sobre blocos de chumbo e antimônio gravados em uma tábua, Guttenberg criou as bases da imprensa moderna. Anterior a esta invenção os livros na Europa eram copiados e ilustrados por monges católicos, processo moroso e caríssimo - apenas os muito ricos, membros da corte européia e alguns sacerdotes - podiam adquirir os valiosos manuscritos. Neste período a parcela da população alfabetizada era mínima, o acesso menos dispendioso ao material impresso, graças às novas técnicas de impressão, contribuiu para a diminuição do analfabetismo naquele continente.
O inglês William Caxton em 1476 imprimiu os primeiros livros de literatura rompendo assim o monopólio de impressão de obras religiosas. Esse passo decisivo também concorreu para a democratização da informação, antes restrita a um número mínimo de pessoas.
No Brasil a história da imprensa está vinculada a transmigração da família Real portuguesa para estas paragens, em 1808. Anterior a este período, todo tipo de publicação na colônia brasileira era proibida, considerada inclusive ilegal e subversiva. A presença de Dom João VI e sua corte, nas terras “tupiniquins” trouxe inúmeras mudanças para os “intelectuais e a elite econômica local”, entre elas, o início do itinerário da Real Biblioteca no Brasil e a criação no Rio de Janeiro, pelo monarca, da Imprensa Régia: órgão oficial do governo português. O periódico, Gazeta do Rio de Janeiro, tinha todo o seu maquinário importado da Inglaterra e publicava exclusivamente notícias do interesse da Metrópole lusitana.
Em junho de 1808, Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, maçom e diplomata brasileiro, naturalizado inglês, lança em Londres o Correio Braziliense, jornal defensor de idéias liberais dentre elas a emancipação da colônia brasileira do Reino de Portugal. Este periódico, restrito a poucos durou de 1808 a 1823. Seu primeiro número só chegou à colônia clandestinamente em outubro de 1808, defendendo e fomentando os ideais de liberdade e criticando a política e a gestão portuguesas.
Historicamente a imprensa no Brasil teve um papel superlativo na luta pela independência e pelo fim da escravidão, bem como pela adoção de um regime político democrático.

Na jovem cidade de Uberaba foi fundado em outubro de 1874, pelo médico francês Henrique Raimundo Des Genettes, o jornal Paranahyba. Este periódico pioneiro, semanal, possuía 04 páginas, três colunas e uma tiragem aproximada de 200 exemplares, tinha como colaboradores Borges Sampaio e José Alexandre de Paiva Teixeira (PONTES, 1931). Dedicado aos interesses comerciais, agrícolas, industriais e fabris de Minas Gerais, Goias e Mato Grosso (PONTES, 1931), a folha que era dirigida e redigida por Des Genettes, tinha sua oficina e redação instaladas no prédio nº 13 da Rua Direita, atual Rua Coronel Manoel Borges, no antigo sobrado de Juca Severino. 

Jornal Gazetinha – Abril de 1894 – Acervo APU


O primeiro prélo, pequeno e modestamente equipado era manual, com alavancas e suportes em forma de cruz. Nele foram impressos também outros jornais uberabenses como: O Echo do Sertão, O Beija Flor, A Gazeta de Uberaba (PONTES, op. cit.).
O Paranahyba teve apenas 03 edições publicadas, sendo substituído pelo jornal O Echo do Sertão também dirigido por Raimundo Des Genettes. Com uma tiragem de 650 exemplares, e sendo declarado como um “Periódico Imparcial” foi no Echo do Sertão que Des Genettes batizou esta região de Minas Gerais de Triângulo Mineiro, chegando até a discutir a sua anexação a São Paulo (PONTES, 1931). O Echo do Sertão encerrou a sua publicação de nº 66 em meados de março de 1886.  A 67ª publicação em 30 de março do mesmo ano recebeu o nome de Uberabense.
O Semanário “recreativo, crítico, literário, comercial e político” (PONTES), denominado Beija Flor, foi publicado pela primeira vez em fevereiro de 1875 por Alexandre de Paiva Teixeira. Com vida curta, o periódico impresso na tipografia do Echo do Sertão, em papel colorido, durou apenas 06 meses, sendo substituído pela Gazeta de Uberaba que passou a ser distribuída a partir de agosto de 1875. A Gazeta também tinha como diretor e redator José Alexandre de Paiva Teixeira e circulou até fevereiro de 1876.
Em 27 de abril de 1879, continuando a saga da imprensa local, João Caetano & Rosa fundam a Gazeta de Uberaba, o segundo jornal com essa denominação (BILHARINHO, 2007), “em prol da defesa da cidade e dos municípios circunvizinhos” (PONTES). Por diversas vezes o jornal advogou arduamente a favor de causas políticas e lutas partidárias. Em suas páginas encontram-se fatos marcantes de nossa história.
Após a criação destes periódicos pioneiros, segundo LOPES (2007, p. 31) são fundados em Uberaba, entre 1880 a 1845 aproximadamente 130 jornais, alguns deles, como a Gazeta de Uberaba, ligados a defesa de ideais políticos e associações de classe. A circulação destas folhas era quase exclusivamente restrita ao município.
Neste conjunto de folhas publicadas, vale à pena destacar o Jornal Lavoura e Comércio, fundado pelo Clube da Lavoura e Comércio, em julho de 1899 (BILHARINHO) que permaneceu ativo por105 anos, tendo suas atividades encerradas em 2005.
Deste período até a contemporaneidade, vários periódicos foram fundados, muitos já não estão mais em funcionamento, outros tem o desafio de construir cotidianamente um jornalismo crítico e esclarecedor dos fatos e acontecimentos que nos envolvem.
Atualmente Uberaba possui dois periódicos diários: o Jornal de Uberaba e o Jornal da Manhã e outros quinzenais e mensais como: o jornal Revelação, Abadia Notícias, A Flama Espírita, e o Jornal do Triângulo.

Cíntia Gomide Tosta
Pesquisadora da Superintendência de Arquivo Público


Referências
BILHARINHO. G. Uberaba: Dois Séculos de História. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2007
LOPES. M. A. B. Da Rotoplana à Rotativa. 35 anos de história. Uberaba: Editora, 2007
PONTES, H. A Imprensa de Uberaba. Jornal Correio Cathólico de 21
http://fatosquemudaramomundo.blogspot.com/2008/11/inveno-da-imprensa.html
http://www.imultimedia.pt/museuvirtpress/port/persona/c-d.html
http://www.casadomanuscrito.com.br/casa/curio_07.htm
http://www.pliniocorreadeoliveira.info/BIO_1936_Pre_Universit%C3%A1rio_16.htm
Vídeo história da Imprensa. Flv. Acesso em http://www.youtube.com/watch?v=_qtDPUAuK5c
http://www.pliniocorreadeoliveira.info/BIO_1936_Pre_Universit%C3%A1rio_16.htm
http://elesmudaramomundo.blogspot.com.br/2011/11/johannes-gutenberg-e-invencao-da.html
http://www.bn.br/portal/?nu_pagina=11
Referências de Imagens:
Imagem 01: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/junho/dia-nacional-da-imprensa-8.php
Imagem 02: Gazetinha: Folha mais antiga do acervo do APU

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