Breve História da Imprensa: Os primeiros veículos de imprensa no Brasil, Minas e em Uberaba (Parte 1)
Por Thiago Riccioppo*
A Superintendência do Arquivo Público de Uberaba lança pesquisa sobre uma breve história da imprensa em Uberaba. Para tanto, dividimos o texto em duas partes. A primeira refere-se ao início da imprensa escrita no Brasil, em Minas Gerais, e particularmente em Uberaba. A segunda parte fala especialmente sobre a trajetória de um dos mais antigos jornais do Brasil até o seu fechamento: o Lavoura e Comércio, que circulou ininterruptamente por mais de 100 anos, até 2004.
O
início da imprensa escrita no Brasil e em Minas Gerais
Em
2008 foram celebrados 200 anos da chegada da imprensa no Brasil, tendo para muitos como marco inicial, a publicação do jornal Correio Braziliense. Contudo, é bom saber que as primeiras edições do Correio Braziliense, o primeiro periódico a falar especificamente do País eram feitas em Londres, comandadas Hipólito José da Costa, uma vez que a
atividade até então era proibida pela coroa portuguesa em solos brasileiros. O mensário
circulou de 1º de julho de 1808
a dezembro de 1822. O veículo somente chegou ao Rio de Janeiro em outubro de 1808.
Figura
1. Hipólito José da Costa, editor do jornal
Correio Braziliense, considerado o primeiro jornal sobre o Brasil. Autor desconhecido.
Quando Brasília foi inaugurada em 1960,
a marca Correio Braziliense foi negociada com a família de
Hipólito da Costa, com o então embaixador do Brasil na Inglaterra, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, mais conhecido como Assis Chateaubriand, que colocou em circulação um novo jornal aproveitando-se do antigo nome Correio Braziliense, o qual até hoje é o principal jornal do
Distrito Federal.
O Gazeta
do Rio de Janeiro, de 10
de setembro de 1808, foi o primeiro jornal publicado em território nacional,
com maquinário adquirido na Inglaterra. Tratava-se de um veículo oficial do
governo português com ênfase em notícias favoráveis a corte.
Figura 2. Alegoria da chegada da família real portuguesa no Rio de Janeiro em 1808. Pintura Óleo sobre tela de Domingos Antônio Serqueira (1768 -1837). Fonte: Coleção Duque de Palmeira, Lisboa. |
Sobre o Correio Braziliense de Hipólito da Costa e o Gazeta do Rio de Janeiro, existiram versões divergentes que se colidiram entre si quanto à questão de qual seria o primeiro jornal brasileiro. Para falar deste assunto, tomamos por base as observações feitas em um artigo escrito pelo jornalista Venício A. de Lima[1] do blog Observatório da imprensa. Venício discerne sobre o embate apresentado por Nelson Werneck Sodré[2], que considera que a introdução da imprensa no Brasil em julho de 1808 como contraditória, na acepção que o impresso Correio Braziliense era elaborado na Inglaterra, por esse motivo era mantido mais por condições externas do que aspirações internas. No entanto, há aqueles que defendem o Correio Braziliense como marco inicial da imprensa no país, tendo em vista que este foi um veículo participativo em discursos de afirmação da identidade nacional, pois se manteve durante sua existência como um bastião significativo entre os defensores da “independência, do interesse nacional, da abolição escravatura e da permanência de Dom Pedro I no Brasil”[3].
Para o jornalista Laurentino Gomes[4]
em seu livro 1808, a visão
romântica sobre o Correio Braziliense
se torna tênue ao lançar as seguintes observações,
O mesmo
Hipólito que defendia liberdade de expressão e idéias liberais acabaria, porém,
inaugurando o sistema de relações promíscuas entre imprensa e governo no
Brasil. Por um acordo secreto, D. João começou a subsidiar Hipólito na
Inglaterra e a garantir a compra de um determinado número de exemplares do Correio
Braziliense, com o objetivo de prevenir qualquer radicalização nas
opiniões expressas no jornal. Segundo o historiador Barman, por esse acordo,
negociado pelo embaixador português em Londres, D. Domingos de Souza Coutinho,
a partir de 1812, Hipólito passou a receber uma pensão anual em troca de
críticas amenas ao governo de D. João, que era um leitor assíduo dos artigos e
editoriais da publicação. `O público nunca tomou conhecimento desse acordo´,
afirma o historiador. De qualquer modo, Hipólito mostrava-se simpático à Coroa
portuguesa antes mesmo de negociar o subsídio. `Ele sempre tratou D. João com
profundo respeito, nunca questionando sua beneficência´, registrou Barman. O Correio
Braziliense, que não apoiou a Independência brasileira, deixou de
circular em dezembro de 1822. Hipólito foi nomeado pelo Imperador Pedro I
agente diplomático do Brasil em Londres, cargo que envolvia o pagamento de uma
nova pensão pelos cofres públicos (Gomes. 2008. pp.135-136 Apud. Lima n/p.).
A historiadora Tânia Regina de Luca[5]
concluiu que, apesar da Gazeta do Rio de
Janeiro ter sido realmente o primeiro jornal impresso em terras
brasileiras, tratava-se de um veículo de comunicação que se colocava apenas como um porta-voz
para “(...) informar os atos do governo e trazer noticias do exterior, porém
cuidadosamente filtradas pelos censores”[4].
Quanto aos impressos
feitos no Brasil no século XIX, Tânia Regina de Luca, comenta que esses se
caracterizavam em obedecer a uma linhagem doutrinária, apoiada geralmente na alegação
apaixonada do ideário da Identidade Nacional e sobre a intervenção no espaço público.
(...) é
bom lembrar contava com contingente diminuto de leitores, tendo em vista as
altíssimas taxas de analfabetismo. Os aspectos comerciais da atividade eram
secundários diante da tarefa de interpor-se nos debates e dar publicidades as
propostas, ou seja, divulgá-las e torna-las conhecidas. (LUCA, 2006. p. 133-134).
Até 1822, foram criados mais de 50 periódicos no País. Antes
mesmo do desencadeamento da Independência, em locais como Rio de Janeiro,
Bahia e Pernambuco circulavam impressos utilizados como uns dos principais
instrumentos políticos na luta do processo emancipatório brasileiro. É o que nos revela Isabel
Lustosa em Insultos impressos[5].
Durante o século XVIII, Minas Gerais era a principal capitania da
Colônia. No século seguinte, mesmo levando em consideração a queda brusca na arrecadação aurífera e de
suas jazidas de diamantes, Minas se mantinha como uma capitania em condições econômicas-sociais diversificadas e dinâmicas. Apesar disso, a imprensa chegou a Minas Gerais tardiamente, quando comparada às demais províncias do período Imperial.[6],
As Minas foram a sexta província
a ter jornais circulando. A primeira foi a do Rio de Janeiro, que, em 10 de
setembro de 1808, ganhou a Gazeta
do Rio de Janeiro. Em segundo lugar, ficou a Bahia, onde, em 14 de maio de
1811, começou a circular aIdade d’Ouro do Brazil. Depois, em 21 de março
de 1821, em Pernambuco surgiu a Aurora Pernambucana. A quarta a ter
jornais foi a do Maranhão, que, em 10 de novembro de 1821, ganhou O Conciliador do Maranhão (ele já circulava manuscrito desde 15
de abril). Em quinto lugar ficou o Pará, onde, em março de 1822 surgiu O Paraense. Nas Minas, só em 13
de outubro de 1823 (um ano e meio depois do Pará) surgiu o primeiro jornal, o Compilador Mineiro. (MENDES,
2005. n/p).
O Compilador Mineiro circulou de 13 de outubro de 1823 a 9 de janeiro de 1824.
Após ele, deu-se início uma rápida disseminação de publicações de impressos,
vindo alguns dias depois a surgir o Abelha
do Itacolumy, que também teve duração efêmera e foi sucedido pelo O Universal, jornal esse que ocupou
destacado papel na imprensa mineira e ficou conhecido por ter como
redator-chefe Bernardo Vasconcelos até 1833. O fechamento desse impresso em
1842 chama atenção por um fato curioso, uma vez que foram encerradas suas
atividades porque os tipos foram derretidos e fundidos em balas de fuzil para
serem utilizadas na Revolução de 1842.
Ao longo dos mais de 200 anos da imprensa brasileira, houve continuidades e rupturas que acompanharam importantes momentos políticos da vida nacional. Um desses momentos foi sentido com a vinda da família real portuguesa para a Colônia, fator que fundamentou um conjunto de mudanças processadas nas primeiras décadas do século XIX, entre as quais contribuíram para transformar o Brasil, aceleradamente, em uma monarquia independente. Durante o governo imperial, a imprensa se ramificou em diversas áreas do conhecimento e se fazia presente no cotidiano de homens letrados. Ela foi fundamental para divulgar e consolidar os ideais liberais à moda brasileira.
Ao longo dos mais de 200 anos da imprensa brasileira, houve continuidades e rupturas que acompanharam importantes momentos políticos da vida nacional. Um desses momentos foi sentido com a vinda da família real portuguesa para a Colônia, fator que fundamentou um conjunto de mudanças processadas nas primeiras décadas do século XIX, entre as quais contribuíram para transformar o Brasil, aceleradamente, em uma monarquia independente. Durante o governo imperial, a imprensa se ramificou em diversas áreas do conhecimento e se fazia presente no cotidiano de homens letrados. Ela foi fundamental para divulgar e consolidar os ideais liberais à moda brasileira.
De um país agrário, o Brasil se estendeu no decorrer do século XX ao mundo da urbanização e industrialização. Acompanhando essas mudanças, a imprensa escrita se modernizou paulatinamente, constituindo-se num poderoso mecanismo de formação de opinião das massas. Um meio de comunicação que vem influindo nas mudanças e variações dos padrões e valores do capitalismo e da cultura.
Breve história da imprensa em Uberaba (final do século XIX e início do XX)
Breve história da imprensa em Uberaba (final do século XIX e início do XX)
O primeiro jornal impresso que se
tem notícia no Triângulo Mineiro foi O
Paranahyba, que segundo o memorialista Hildebrando Pontes[7],
foi criado pelo médico francês Henrique Des Genettes em 01 de outubro de 1874.
Pontes revela que, a maioria dos primeiros impressos obedecia a fins políticos
“(...) daí ser a política uma das causas que mais eficazmente contribuíram para o
progressivo desenvolvimento da imprensa entre nós”[8]. Ele lembra que, por estes impressos manterem posicionamentos políticos em suas
abordagens, alguns jornalistas sofreram violências das partes ofendidas.
Lista dos jornais
mais antigos de Uberaba:
1 – O Paranahyba –
1874 30 - Jornal de Uberaba – 1889
2 - Echo do Sertão –
1874 – 1876
31 – O Clarim - 1889
3 – O Beija Flor –
1875
32 – A Marcha - 1889
4 – Gazeta de Uberaba
(1°) – 1875 33 – O dia - 1890
5 – O Bobo – 1876
34 – O Breach - 1890
6 – O Uberabense –
1876
35 – O Povo - 1890
7 – O Relâmpago –
1876 36 – O
Commércio - 1890
8 – O Progresso –
1878
37 – Revista Uberabense - 1891
9 - Gazeta de Uberaba (2º) – 1879 38 – A Revista -
1892
10 – O Recreio – 1880 39 - A Espera - 1892
11 – Correio
Uberabense – 1880 40 – O Popular
- 1892
12 – Aurora Mineira –
1881 41 – Gazetinha - 1893
13 – Monitor
Uberabense – 1881 42 – A
Procella – 1893
14 – A Vespa – 1881 43 – O Tempo - 1893
15 – O Tiradentes –
1881 44 – Tribuna do Povo – 1893
16 – O Moça – 1881 45 - X - 1894
17 – O Mineiro – 1881 46 – A Gazetinha - 1894
18 – A Violeta – 1882 47 – A Sogra - 1894
19 – O Carrapato –
1882
48 – O Prego - 1894
20 – O Denunciante –
1882 49 – A
Cidade de Uberaba - 1895
21 – O Nevoeiro –
1882 50 – O
Jasmim - 1896
22 – O Raio – 1883
51 – A Lucta - 1896
23 – O Paladino –
1883
52 – Jornal de Uberaba - 1896
24 – O Volitivo –
1884
53 – A Gazetinha - 1896
25 – O Wagon – 1884
54 – O Clarim – 1896
26 – O Dentista –
1884
55 – O Triângulo Mineiro - 1897
27 – O Filho do Povo
– 1885
56 – O Arrebol - 1897
28 - O Caipira – 1885
57 – Revista Agrícola – 1897
29 – Gazetinha
Mineira – 1886
(JORNAL LAVOURA & COMÉRCIO, 06 de jul.
1999).
No final do século XIX, Pontes nos mostra que a grande
maioria dos jornais publicados em Uberaba era composta de pequenos formatos
editoriais e tiveram duração efêmera de no máximo um ano. Além destes, havia composições
de grandes periódicos de acordo com o padrão da época. Nas mesmas oficinas
tipográficas em que esses eram feitos, era comum também a confecção de pequenos jornais de duração de dois a três meses e que logo mudavam de nome. Noutros formatos,
haviam determinadas edições criadas especialmente para dar destaque as comemorações, quando comumente se limitavam à tiragem de apenas uma única edição.
A distribuição dos periódicos normalmente se fazia no perímetro urbano
e é compreensível o fato de não ter alcançado sucesso entre o público leitor, uma vez
que naquela época a população não era afeita à leitura. Esta situação melhorou
progressivamente ao longo do século XX devido ao aumento da população, à cobertura dos sistemas educacionais, à presença de imigrantes, à introdução de novos hábitos e costumes adquiridos pela
presença da ferrovia, ao telégrafo e ao surgimento e o acesso a novas tecnologias. Ao final do século XIX até
1930 existiram aproximadamente 175 impressos em Uberaba.
O Paranahyba sobre o qual Pontes comenta, foi um jornal dedicado aos interesses comerciais,
industriais e fabris de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Era publicado em média de 4 a
5 vezes por mês com tiragem de cerca de 200 exemplares, no formato entre quatro
páginas a três colunas. A sede da oficina funcionava no prédio número 13 da antiga Rua Direita, hoje Rua
Coronel Manoel Borges. Pontes indica que o nome de O Paranahyba pode ter sido dado devido a duas hipóteses: a primeira
em homenagem feita ao amigo de Des Genettes, José Paranahyba; a segunda devido
ao nome do rio Paranaíba que divide o Estado de Goiás com o norte da região
mineira do Triângulo Mineiro. “O prelo era manual, com a alavanca e pêros, e os
pés ou suportes, em cruz. (...) serviu a impressão de diversos outros jornais
de Uberaba: O Echo do Sertão, O Beija Flor, O Bobo, a Gazeta de Uberaba
(primeira), O Uberabense e o Relâmpago”[9].
O
termo Triângulo Mineiro foi vinculado a esta região de Minas Gerais ao que se sabe pela primeira por Des Genettes,
que em suas publicações o utilizava para substituir o nome do antigo Sertão da Farinha Podre. Tempos depois, o jornal O Paranahyba teve seu nome trocado por Echo do Sertão, folha esta que tinha
como bandeira o debate sobre separação da região do Triângulo Mineiro e a
anexação desta pelo Estado São Paulo. Após algumas tiragens, o jornal muda
seu foco da luta separatista, passando a dar ênfase em debates amplos, mudando
seu formato e aumentando a sua tiragem para 650 exemplares. O Echo do Sertão encerrou suas publicações em março de 1886 na tiragem de número 66. Após seu fim, o Echo do Sertão passou a ser chamado de O Uberabense.
O quarto jornal de Uberaba foi um dos que mais durou naquele contexto, comparado a tantos outros que tiveram vida curta. Tratava-se do semanário Gazeta de Uberaba, sucessor de O Beija Flor, que também era impresso na
tipografia do Echo do Sertão, atendendo a mesma linha discursiva no enfoque da campanha da defesa da encampação do Triângulo Mineiro
ao Estado de São Paulo. O Gazeta de Uberaba
foi distribuído pela primeira vez em 1875, o seu primeiro diretor e redator era
José Augusto de Paiva Teixeira. Na primeira etapa de sua existência foi
publicado até fevereiro de 1876.
Em 27 de abril de 1879 foi criado um jornal com o mesmo título por João Caetano de Oliveira e Souza e José Frederico Ludovice. De acordo com as primeiras edições, o Gazeta de Uberaba era mantido pela firma "Ludovice e Companhia" e administrado por José Augusto de Paiva Teixeira. Nessa época, o impresso mantinha uma atuação
político-partidária oponente ao Partido Liberal que era representado por outro
jornal com o título de Correio Uberabense.
Os seus principais redatores do jornal foram: João Caetano de Oliveira e Souza, João José
Frederico Ludovice, Thomaz Pimental de Ulhôa e Ten. Wenceslau Pereira de
Oliveira.
Devido à eleição pelo pleito de deputado estadual para Assembleia Legislativa mineira em 1885, João Caetano de Oliveira saiu do cenário editorial da impressa uberabense. Entretanto, o jornal continuou em atividade, sendo redigido pelos jornalistas supracitados.
A partir de então, somou-se a redação da Gazeta de Uberaba, a figura de Juventino Polycarpo Alves de Lima, que naquela época era juiz municipal de Uberaba e político conservador. Os debates do periódico estavam sustentados na luta contra os liberais que se moviam pelas colunas de outro jornal, o Monitor Uberabense. Em seguida, os liberais mantiveram-se alinhados na Gazetinha Mineira, que nas palavras de Pontes era “politicamente redigida pelo Tenente Coronel Antônio Borges Sampaio do Partido Liberal” [10].
Parte da primeira página da edição nº 3 do Jornal Gazeta de Uberaba de 11 de maio de 1879. Fonte: Superintendência do Arquivo Púbico de Uberaba. |
Devido à eleição pelo pleito de deputado estadual para Assembleia Legislativa mineira em 1885, João Caetano de Oliveira saiu do cenário editorial da impressa uberabense. Entretanto, o jornal continuou em atividade, sendo redigido pelos jornalistas supracitados.
A partir de então, somou-se a redação da Gazeta de Uberaba, a figura de Juventino Polycarpo Alves de Lima, que naquela época era juiz municipal de Uberaba e político conservador. Os debates do periódico estavam sustentados na luta contra os liberais que se moviam pelas colunas de outro jornal, o Monitor Uberabense. Em seguida, os liberais mantiveram-se alinhados na Gazetinha Mineira, que nas palavras de Pontes era “politicamente redigida pelo Tenente Coronel Antônio Borges Sampaio do Partido Liberal” [10].
Juventino Polycarpo Alves de Lima ficou afastado
temporariamente do cenário político uberabense devido a sua nomeação para Juiz
de Araxá, logo após foi removido para a Comarca de Entre Rios, no governo de
Cesário Alvim. Com pouco tempo nessa Comarca, após sua exoneração, volta para
Uberaba onde novamente reintegrava-se a redação e direção do Gazeta de Uberaba. Lima desempenhou funções na redação do jornal até sua
morte em 1890.
No ano seguinte, toma frente da direção do jornal o professor Alexandre Barbosa, sucedido posteriormente pelo então promotor de justiça pública de Uberaba, Joaquim José Saraiva Júnior, outro que também não permaneceu por muito tempo na direção, haja vista que foi transferido para a Promotoria de Monte Alegre. A partir daí a coordenação e redação do Gazeta de Uberaba passou para as mãos de Chrispiniano Tavares, José Maria Teixeira de Azevedo e outros. Quando entra em cena a República, a aderência política afeita pela folha, ajustou-se ao Partido Republicano Mineiro - PRM.
No ano seguinte, toma frente da direção do jornal o professor Alexandre Barbosa, sucedido posteriormente pelo então promotor de justiça pública de Uberaba, Joaquim José Saraiva Júnior, outro que também não permaneceu por muito tempo na direção, haja vista que foi transferido para a Promotoria de Monte Alegre. A partir daí a coordenação e redação do Gazeta de Uberaba passou para as mãos de Chrispiniano Tavares, José Maria Teixeira de Azevedo e outros. Quando entra em cena a República, a aderência política afeita pela folha, ajustou-se ao Partido Republicano Mineiro - PRM.
Já no ano de 1895, o então proprietário do Gazeta de Uberaba, Tobias Antônio Rosa, mudou-se para o município de Ribeirão Preto, levando consigo o jornal, que lá passou a ser intitulado de São Paulo e Minas. Dois anos após retornar a Uberaba, Tobias Antônio Rosa novamente reabriu as portas da redação do jornal com o seu nome anterior, Gazeta de Uberaba.
Imagem do Cel. Tobias Antônio Rosa - proprietário do Jornal Gazeta de Uberaba de 1895 a 1915 Fonte: Acervo Superintendência de Aquivo Público, de Uberaba. |
Na
sucessão da presidência do Estado de Minas Gerais de Bias Fortes para Silviano
Brandão, surge em Uberaba o Partido da Lavoura e Comércio, entidade que
representava os interesses de segmentos econômicos da região que eram
contrários às taxas cobradas em detrimento aos seus interesses financeiros.
Assim nasce o então jornal Lavoura e
Comércio de propriedade de Antônio Garcia de Adjunto. O embate de
interesses políticos na região ficou marcado claramente nas linhas editorias
dos dois jornais: de um lado estava o Gazeta
de Uberaba, alinhado as proposições políticas do governo de Minas Gerais de
Silviano Brandão, de outro o Lavoura e
Comércio, entrincheirando os interesses classistas locais.
A
oposição do Gazeta de Uberaba ao
jornal Lavoura e Comércio se deu até
a fusão do Partido da Lavoura e Comércio com o PRM em janeiro de 1903. Após esse
período, o Gazeta de Uberaba centrou-se noutras questões de interesses gerais, como relata Pontes[11].
Daquele momento, até maio de 1909 foram redatores do jornal: José Maria Teixeira
de Azevedo Júnior, Acrísio da Gama e Silva, Desidério Ferreira de Melo, José
Maria dos Reis, Hildebrando de Araújo Pontes, Philippe Achê, João Eloy da Costa
Carmelo, cujo último deixou a redação do jornal em abril de 1910, quando foi
substituído por José Affonso de Azevedo.
Hildebrando
Pontes, mostra no seu estudo sobre a imprensa de Uberaba que, o Gazeta de Uberaba a partir de 1909,
ajustou seu enfoque editorial em defesa do recém-criado Partido Civilista,
contrário à indicação feita pela convenção nacional ao pleito da presidência da
República. Pontes ainda conta que o jornal tomou outra linha absolutamente
diferente pela marcada até então quando,
[...]
Entretanto por transação de 21 de janeiro do ano seguinte, entre os diretores
os senhores Tobias Rosa e Filho e o Coronel Américo Brasileiro Fleury, passou a
ser, a Gazeta de Uberaba, desse dia em diante propriedade do último. Essa
transação inverteu diametralmente, os pólos de defesa política do jornal, que
passou a ser agora, órgão francamente hermista politicamente redigida pelo deputado
Afrânio de Mello Franco, e literariamente redigido pelo José Afonso de Azevedo,
figurando, ainda, no seu corpo de colaboradores, além de outros, o Dr. José
Julio de Freitas Coutinho, Juiz Municipal de Uberaba. Cessada a campanha
hermista, continuou como órgão do PRM, redactoriado pelos doutores Lauro de
Oliveira Borges, Alaor Prata Soares e José Julio de Freitas Coutinho. (PONTES, JORNAL CORREIO CATÓLICO, 1931. n/p).
Em 1911 o Gazeta de
Uberaba transformou-se em propriedade de uma associação dirigida pelos
mesmos nomes ditos na citação acima, somando ao corpo de redatores Pedro de
Alcântara Cavalcante de Albuquerque Paraíso, Diocleciano Vieira e Ranulpho
Taveira e o secretário Quirino Pucci. No entanto, o jornal teve suas atividades
interrompidas em 1912. Em novembro de 1913, o coronel Tobias Rosa fundou a Gazeta do Triângulo, uma associação que
defendia os interesses do PRM – Democrata. Em 1915 rearticulou a volta do
Gazeta de Uberaba, mas desta vez, a folha atendia aos interesses do “Partido da Concentração Municipal de
Uberaba”. Nesse contorno, o Gazeta de
Uberaba funcionou até 1917, ano em que faleceu o Coronel Tobias Rosa.
Em 1927, através de uma aliança
encabeçada por João Henrique Vieira Sampaio da Silva, foi adquirido da família
de Tobias Rosa o título e material gráfico da extinta folha; dessa maneira
constituiu-se a Sociedade Anônima Gazeta
de Uberaba que reativou o jornal Gazeta de Uberaba. A presidência da sociedade era exercida por
Mário de Moraes e Castro, a direção do jornal estava João Henrique e a gerência
de Orlando Bruno.
* Thiago Riccioppo - Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU, historiador da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba e Gerente Executivo da Fundação Museu do Zebu Edilson Lamartine Mendes.
Revisão: Maria Rita Trindade Hoyler
[1] LIMA, Venício A. 200 anos de imprensa no Brasil: história de continuidades e de
ruptura.Observatório da imprensa: Disponível em: http://historiaemprojetos.blogspot.com/2008/08/200-anos-de-imprensa-no-brasil-histria.html.
Acesso em 05 de setembro de 2014.
[2] SODRÉ, Nelson
Werneck. A história da imprensa no
Brasil. (4ed). São Paulo: Mauad, 2004. Apud.
LIMA, Venício A. 200 anos de imprensa no
Brasil: história de continuidades e de ruptura.
[3] LIMA, Venício A. Op. Cit. Nota 1. n/p.
[4] GOMES, Laurentino. 1808. 8 ª ed. São Paulo: Planeta, 2008.
[5] LUCA, Tânia Regina. História dos, nos
e por meios dos periódicos. (In): PINSKY, Carla Bassanezi. (Org.) Fontes Histórias. 2 ed. São Paulo:
Contexto, 2006. p. 133.
[6] Id. Ibid. p. 133.
[7] LUSTOSA, Isabel. Insultos impressos: a guerra dos jornalistas na independência (1821-1823). São
Paulo: Cia das Letras, 2000. passim.
[8] O termo províncias, que eram subdivisões do território nacional, foi adotado ainda no âmbito do Reino de Portugal, Brasil e Algarves em 28 de fevereiro de 1821 pelas Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa. Este termo foi mantido durante o Império.
[8] O termo províncias, que eram subdivisões do território nacional, foi adotado ainda no âmbito do Reino de Portugal, Brasil e Algarves em 28 de fevereiro de 1821 pelas Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa. Este termo foi mantido durante o Império.
Comentários