As valiosas mangueiras de Alexandre Barbosa
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No peculiar texto publicado em 1916 no álbum: Uberaba: a Princesa do
Sertão, organizado por Roberto Capri, é apresentada a interessante
produção de mangas do engenheiro agrônomo uberabense Alexandre Barbosa.
No bairro Mercês, às margens da antiga rua Cassu, no
entorno onde hoje é a rua que leva seu nome, Alexandre Barbosa cultivava mais
de 3000 árvores de inúmeras variedades de manga, nas terras que eram
chamadas de Chácara das Mangas. As mangas de Alexandre
Barbosa, como diz o texto, eram vendidas em mercados do Rio de Janeiro e São
Paulo. Além das frutas, eram distribuídas mudas da espécie. É importante
dizer que, desde o final do século XIX,
os triangulinos rumavam a Índia à busca de importar o gado Zebu,
a exemplo de Teóphilo de Godoy, Armel Miranda, Ângelo Costa, João
Martins Borges, Alberto Parton, Quirino Pucci, Josias Ferreira de Morais,
entre outros que nos anos posteriores a 1916, seguiriam o
destino da distante colônia inglesa da Ásia.
Em meio a demais novidades, os importadores de Zebu
traziam em sua bagagem, mudas de mangas para Alexandre Barbosa que ainda não
eram produzidas no Brasil, o que faria de seu pomar um dos viveiros mais
diversificados do país da saborosa fruta. Até hoje ao passar pela rua Alexandre
Barbosa, é possível observar em suas laterais algumas mangueiras remanescentes
daquela época. Nesse espaço, ele também desenvolveu novas variedades
da manga.
Mas quem foi Alexandre Barbosa?
Alexandre Barbosa era engenheiro agrônomo, tendo se graduado no Instituto Zootécnico de Uberaba em 1898. Essa foi primeira escola de ensino superior fundada no Triângulo Mineiro.
Alexandre Barbosa. Fonte: Lavoura e Comércio. s/d |
Nesta única turma do Instituto Zootécnico de Uberaba,
estudaram com Alexandre Barbosa, outras proeminentes figuras do cenário
político, intelectual e social de Uberaba, como: Hidelbrando Pontes,
Fidélis Reis, José Maria dos Reis e Militino Pinto de Carvalho.
A referência na formação desta brilhante turma foi o
diretor e professor do Instituto Zootécnico, Frederich Draenert. Alemão
de Weimar, Draenert mudou-se para o Brasil em 1855 quando foi contratado pelo
Barão de Paraguassu (Cônsul Geral do Brasil em Hamburgo) para educar os filhos
de um dono de engenho na Bahia. Foi professor da Escola técnica da Bahia que
ajudou a criar em 1877. Em 1889 foi nomeado consultor técnico do Ministério da
Agricultura e, em 1896, chamado para dirigir o Instituto Zootécnico de Uberaba.
Escreveu inúmeros artigos científicos, motivo pelo qual teve reconhecimento
internacional
Nas primeiras décadas do século XX
Alexandre Barbosa familiarizava-se com o Anarquismo. Nos anos de 1920
integrou-se ao comunismo. Correspondeu com jornais internacionais como L´Humanité na
França e produziu inúmeros artigos na imprensa uberabense. Barbosa também foi
autor do mais completo dicionário da língua Caiapó que se tem notícia, segundo
pesquisas do antropólogo Odair Giraldin. Este pesquisador, professor da
Universidade Federal de Goiás, encontrou o dito documento por acaso no
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), datado de 1918. O documento
produzido por Alexandre Barbosa possibilitou um inédito estudo sobre o assunto.
Cf. GIRALDIN, Odair. Cayapó e Panara: luta e sobrevivência de um
povo. 1994. 208 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 1994.
Por Thiago Riccioppo: Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU, historiador da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba e Gerente Executivo da Fundação Museu do Zebu Edilson Lamartine Mendes.
Fontes:
CAPRI, Roberto. Uberaba: a princesa do
Sertão. São Paulo: Capri, Andrade & C. Editores, 1916.
GIRALDIN, Odair. Cayapó e Panara: luta e
sobrevivência de um povo. 1994. 208 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 1994.
MACHADO. Sonaly. História do
Instituto Zootécnico de Uberaba: uma instituição de educação rural
superior (1892-1912). 2009. 232 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal
de Uberlândia, Uberlândia, 2009.
RICCIOPPO FILHO, Plauto. Ensino
Superior e Formação de Professores em Uberaba/MG (1881-1938): uma
trajetória de avanços e retrocessos. 2007. 508
f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de
Mestrado em Educação, Universidade de Uberaba, Uberaba, 2007.
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