EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA DE UBERABA ACONTECIMENTO ÁUREO DE 1911
Constam no livro nº 6, de
atas da Câmara Municipal e no jornal Lavoura e Comércio de Uberaba, informações
preciosas a respeito do suntuoso acontecimento que foi a exposição.
A Câmara
Municipal convocou os vereadores para sessão extraordinária realizada em 19 de
junho de 1911, com o objetivo de prestarem contas dos gastos. A sessão iniciou
ao meio-dia no Paço Municipal, sendo presidida pelo vereador Manoel Alves
Caldeira, e contou com as presenças do secretário doutor José Maria dos Reis e
dos demais vereadores. Nessa sessão todos os gastos que o Legislativo teve com
a exposição foram discriminados detalhadamente em dez páginas do referido livro
de atas.
Foram despendidos com a
exposição agropecuária cinquenta e oito contos, novecentos e oitenta e nove mil
e trezentos e quarenta e dois réis. (58:989$342).
Nos
artigos publicados pelo jornal, em determinados momentos mantivemos a
originalidade do texto do redator, que esteve presente no evento constatando e
retratando a singularidade de tudo o que ele viu na exposição realizada no
Prado de São Benedito.
As informações contidas no
livro de atas da Câmara e no jornal Lavoura e Comércio permitem que nós
voltemos ao passado devido à riqueza dos detalhes. É uma verdadeira viagem no
“túnel do tempo”.
O jornal Lavoura e
Comércio do dia 4 de maio de 1911 publicou artigos sobre os festejos da
abertura da exposição:
Sobre o Alto são
Benedicto aos triunphos do sol, e dominando os mais vastos horizontes que a
vista desejosa de amplitude póde aspirar, ergue-se a encantadora serie de
pavilhões da Exposição Agro-Pecuaria [...]. (Jornal Lavoura e Comércio, 04 de
maio de 1911. p. 1)
As
palavras do redator demonstram a grandeza e a atmosfera que pairou sobre a
cidade e em especial sobre o bairro São Benedito durante a exposição agropecuária.
A
CHEGADA DO “PRESIDENTE" DO ESTADO DE MINAS GERAIS
A aurora do dia 02 de maio de 1911 despertou com tremenda
agitação dos carros que saíram em comboio da Praça Rui Barbosa sentido a
estação Mogiana, que se localizava no final da Rua Artur Machado, no cruzamento
com a Rua Menelick de Carvalho, próximo ao atual Jornal da Manhã.
Vista parcial da Praça Rui Barbosa e da Rua
Artur Machado;
no final da rua se localizava a estação
Mogiana – Foto: Ano 1910
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
De
acordo com o jornal Lavoura e Comércio, chegando à estação a comitiva embarcou
na composição que saiu às 6h15min sentido à estação de Jaguara, para receber o
senhor Julio Bueno Brandão, “presidente[1]
do Estado”.
Foram organizadas
comissões especiais para irem à estação de Jaguara receber o presidente do Estado
e toda sua comitiva.
Estação Mogiana no final da Rua Artur Machado
com a Rua Menelick de Carvalho,
localizada no bairro Boa vista – Foto: Ano
1910
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
A comissão uberabense foi
composta pelos vereadores: Philippe Aché, presidente da Câmara Municipal, major
Caldeira Junior, vice-presidente, doutor José Maria dos Reis, major Ernesto
Penna, major Porphyrio Oliveira, coronel José Junqueira, major Antonio Rios e doutor
Delcides de Carvalho, além de várias outras lideranças. Também fizeram parte da
comitiva políticos de outros municípios, como: Emydio Marques, presidente da
Câmara Municipal do Prata; Alexandre Marquez, presidente da Câmara Municipal de
São Pedro do Uberabinha – atual cidade de Uberlândia; doutor Fernando Villela,
presidente da Câmara Municipal de Villa Platina – atual cidade de Ituiutaba.
O comboio que daqui
foi a Jaguara chegou a cerca de 10 horas e ahi, entre a prosa animada,
aguardou-se a vinda do trem presidencial que se assignalou ás 2 horas e meia
mais ou menos. (Jornal Lavoura e Comércio, 04 de maio de 1911. p. 3).
Foi
com grande entusiasmo que toda a comitiva recebeu o “presidente” de Minas
Gerais, o secretário da Agricultura e toda sua comitiva.
Depois de calorosos
discursos o senhor Julio Bueno Brandão foi levado para a residência do senhor
Evaristo Pereira Cassiano, em Jaguara, onde foi oferecido um opulento chá a
toda a comitiva.
O comboio composto de
quinze carros seguiu para a estação de Sacramento, onde políticos, industriais,
comerciantes, professores, alunos e moradores do local marcaram presença. Foi
uma grande festa e depois das falas de vários oradores foi servido champanhe.
Em todas as estações que a
comitiva passava acontecia calorosa recepção. Passaram por Conquista e logo
seguiram para Engenheiro Lisboa, sendo recepcionada pelo coronel Tancredo
França que fez um brinde regado com champanhe.
A chegada do presidente do
Estado, Julio Bueno Brandão, causou tremendo alvoroço na estação Mogiana de
Uberaba:
Havia anciedade para
vencer o chapadão, e foi com applausos que do alto se foi avistando primeiro o
conjuncto longinquo e illuminado da Exposição no alto de S. Benedicto, e depois
as luzes que pontilham Uberaba donde emerge á noite o clarão caracteristico da
luz electrica [...]. (Jornal Lavoura e Comércio, 04 de maio de 1911. p. 3)
As
principais ruas da cidade foram ornamentadas com “bandeirolas e galhardetes” e
o senhor Joaquim Barra foi o responsável pela confecção de um arco colocado na
entrada da Rua Artur Machado próximo da estação Mogiana.
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
Em vários edifícios
públicos e particulares foram hasteadas as bandeiras do Brasil, do Estado de
Minas Gerais e de Uberaba.
A
Rua do Comércio, atual Artur Machado, se transformou em um verdadeiro mar de
pessoas que seguiam em direção à estação Mogiana.
Alunos de várias
instituições educacionais também marcaram presença no evento.
Formando duas
immensas alas ficaram os alunnos estendidos, desde a Pensão Amaro, até o
Quartel do 4º Batalhão. (Jornal Lavoura e Comércio, 04 de maio de 1911. p. 3).
A
multidão se aquietou quando aproximou a Banda do 4º Batalhão, sob o comando do
capitão Adolpho Francisco Machado, para prestar singelas homenagens aos
administradores públicos.
Desfilou
a Companhia de Atiradores do Ginásio Diocesano, comandada pelo tenente doutor
Pedro Cavalcanti de Albuquerque, instrutor militar do estabelecimento de ensino.
Abrilhantaram também o desfile os membros do fórum, imprensa, clero,
magistério, etc.
Havia uma anciedade
geral pela chegada do comboio, que só se deu ás 7 ½ horas da noite.
Quando a locomotiva
soltou na curva que fica pouco além da estação o seu silvo agudo annunciando a
sua aproximação, foi um delirio: as bandas musicaes que se achavam na gare e
fóra della, atacaram com vigor o Hymno Nacional, o povo rompeu em acclamaçoes
ruidosas ao exmo. sr. presidente do Estado e aos distinctos membros da sua
comitiva. (Jornal Lavoura e Comércio, 04 de maio de 1911. p.
3).
Trem de passageiros da Companhia Mogiana – Foto: Ano 1910
(Acervo da Superintendência do Arquivo Público
de Uberaba)
O
doutor promotor Tancredo Martins foi incumbido de dar as boas-vindas ao chefe
do Estado e a sua comitiva. O governador de Minas, Julio Bueno Brandão
discursou rapidamente agradecendo as palavras que foram proferidas pelo promotor.
Sua fala constantemente era interrompida pelas salvas de palmas acompanhadas
dos estouros dos foguetes. O chefe do estado encerrou sua explanação saudando o
povo de Uberaba e o governo republicano. As manifestações foram finalizadas com
o toque do Hino Nacional.
Em seguida:
S. exa. desceu a
ladeira da estação, tomando o Landau em frente ao Hotel Globo de onde seguiu,
acompanhado por um prestito de numerosos carros, em direcção ao palacete do sr.
major Caldeira Junior, onde se acha hospedado. (Jornal Lavoura e Comércio 04 de
maio de 1911. p. 3).
Rua Artur Machado, à direita da foto está a
pensão Globo,
que na citação aparece como hotel Globo –
década de 1910
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
ABERTURA
DA EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA
No dia três de maio às 15 horas foi feita a abertura da
exposição ao povo uberabense.
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(Lavoura e Comércio, 20 de abril de 1911. p.1)
No pavilhão da entrada foi colocada uma cortina. Depois
de pronunciar eloquente discurso o doutor Palmerio entregou a Julio Bueno
Brandão, presidente do Estado de Minas, uma tesoura de prata com a qual cortou
a fita que prendia a cortina e abriu oficialmente a exposição agropecuária de
Uberaba.
Pavilhão de entrada durante a inauguração da exposição
agropecuária
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
Segundo
o jornal Lavoura e Comércio do dia 07 de maio de 1911, o local onde foi
instalada a exposição ficou conhecido como “Villa Explanada do Prado São
Benedicto”, que se localizava nas imediações da atual rodoviária de Uberaba.
Nesse dia o jornal
estampou a seguinte manchete:
Exposição
Agro-Pecuaria de Uberaba
Tem sido
visitada a bela “Villa” – A visita aos pavilhões – Impressões – As nossas – No
pavilhão da agricultura – O que vimos – No da pecuária – Bellos specimens –
Outros aspectos – Notas diversas – As festas de hoje – Uma justa gratidão –
Batalha de “confetti” – fogos de artifício. (Jornal Lavoura e Comércio, 07 de
maio de 1911. p. 1).
Foi construída uma
belíssima Vila “que denomina a explanada
do Prado São Benedicto”. Nesse local a Câmara Municipal instalou diversos
pavilhões e as pessoas que os visitavam ficavam admiradas com a beleza e o
esmero com que foram construídos pelo engenheiro Francisco Palmerio.
Pavilhão da exposição
agropecuária de Uberaba realizada no
Prado do São Benedito
em maio de 1911
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
Fato
marcante foi a quantidade de produtos e animais que foram expostos durante o
evento. Consta no artigo que:
Se, por exemplo, as
variedades de arroz, de feijão, de cereaes emfim de qualquer especie, causavam
admiração pela sua superioridade, não eram inferiores os productos conquistados
á canna de assucar, ao milho, aos farináceos, etc. (Jornal Lavoura e Comércio,
07 de maio de 1911. p. 1).
Pavilhão da
Agricultura
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
Interior do Pavilhão da Agricultura
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
Os produtos expostos nos
pavilhões deixavam os visitantes encantados com tantas maravilhas: trabalhos de
marcenaria, selaria, tecelagem e apicultura.
Em
relação à apicultura, se destacaram os produtos do major Irineu Pimentel
Barbosa, do município de Abadia dos Dourados, sendo felicitado pelos magníficos
itens do seu apiário.
Os
trabalhos de marcenaria destacaram as mobílias estilo Luiz XV, muito bem-acabadas
e feitas de mogno, tudo produzido nas oficinas de Manoel Pinto de Almeida,
desta cidade.
Outro pavilhão que chamou muita atenção dos visitantes
foi o das pedras preciosas: diamantes e brilhantes, de Zaré Charavadiau, hábil
lapidador residente em Uberaba.
Com
relação aos animais, um chamou muita atenção e foi digno de vários elogios: o
cavalo Smart, da raça “Manga-grande”, da fazenda do conhecido criador coronel
Adolpho de Aguiar, do município de Araxá. Era um belo animal, “de cor baio
encerada, de 1 metro e 60”. Foi vendido aos senhores Alfredo Villela &
Irmãos, de Monte Alegre, pela quantia de um conto e quinhentos mil réis
(1:500$000).
Em
relação aos suínos destacou o canastrão mineiro de nome Colosso, pesando 276 quilos,
de propriedade do fazendeiro coronel Vicente Macedo.
Suíno Colosso, da raça canastrão
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
Segundo o jornal Lavoura e
Comércio, outro local muito concorrido foi o pavilhão central, onde foram
expostos os trabalhos escolares feitos pelos alunos do Ginásio Diocesano, do Colégio
Nossa Senhora das Dores e do Grupo Escolar de Uberaba.
De
acordo com o redator, era impossível apontar qual o melhor e mais bonito pavilhão.
Mas ele enfatizou a primazia do pavilhão do Cinema Triângulo, erguido com muita
arte, onde diariamente eram exibidos magníficos programas.
No dia da abertura da exposição
agropecuária algumas fitas foram projetadas no pavilhão do Cinema Triângulo e lá
estiveram presentes o presidente do Estado de Minas, Julio Bueno Brandão; o seu
irmão, coronel Estevam Bueno Brandão; o secretário de Agricultura; o agente
executivo e o vice-presidente da Câmara Municipal de Uberaba. Em um dos
intervalos foi “projetado o retrato do
sr. Julio Bueno Brandão ao lado do sr. dr. Philippe Aché”.
BANQUETE OFERECIDO PELA
CÂMARA MUNICIPAL DE UBERABA
Na quinta-feira, quatro de maio de 1911, às 19 horas foi
oferecido um banquete, no salão nobre da Câmara Municipal, ao presidente de
Minas, Julio Bueno Brandão. Para esse fim o espaço foi magnificamente
ornamentado com folhagens e flores. O
salão estava muito bem iluminado, contendo uma mesa em forma de U, sobre a qual
“havia jarras rescendendo perfume de
lindos bouquetes de flores”.
Prédio da Câmara Municipal, onde foi servido
um banquete ao então presidente de Minas Gerais, em 1911, durante as festividades
da exposição agropecuária – Foto: 1911
(Acervo
da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba)
Às
oito horas em ponto foram convidados para compor a mesa o presidente do Estado
de Minas Gerais, Julio Bueno Brandão, tendo a sua direita o secretário de Agricultura,
doutor José Gonçalves de Souza; os doutores Philippe Aché e Epaminondas
Bandeira de Mello ficaram à esquerda do governador. Também fizeram parte da
mesa o doutor Fidélis Reis; a senhora Olivia Caldeira de Rezende, esposa do doutor
José Rezende; o deputado estadual coronel Jayme Gomes e outros.
Segundo
o jornal, os discursos foram regados a champanhe e depois foi servido o
seguinte banquete:
MENU:
Potage: Crême de Volaille.
Poisson: Dourado á la
Uberaba.
Relevé: Vol-au-ventá
la financiére.
Entrêe: Filet de
boeuf banquetiére.
Légumes: Asperges
sce, vierge.
Rôti: Dinde á la
Brésiliense, jambon d’York.
Entremets: Parfait praliné, gaufret-tes Duchen, Fromage, Fruits, Café.
Vins: Madêre, Vin Blanc, Bordeaux, Bourgogne, Champagne, Liqueurs,
Cigares.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 07 de maio de 1911. p. 2).
O banquete terminou às 23h30min; o presidente de Minas e
sua comitiva saíram do recinto por volta da meia-noite.
CURIOSIDADES
DO JORNAL LAVOURA E COMÉRCIO
Batalha de confetes
Seguiu-se a esse acto
a batalha de confetti, na qual tomaram parte quinze carros de praça, onde se
viam graciosas senhoritas e galantes crianças, vestidas com primor, além de
diversas damas e cavalheiros. A batalha esteve concorridissima e durou duas
horas, sendo a nota mais fina daquella noite de festa.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Fogos de artifício
Foi um outro
espetaculo soberbo, devido a excellencia dos fogos, e o qual durou cerca de 1
hora.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Produtos expostos
Continuando a dar a
relação de productos expostos no pavilhão da agricultura, destacamos os
lacticínios do sr. coronel José Americo Teixeira Junqueira, reputados de
primeira qualidade. Desse sr. recebemos uma lata de especial manteiga, cujo
sabor e bom acondicionamento a collocam entre as melhores que conhecemos. Ainda
da sua fazenda figuraram no grande mostruario: arroz de cinco qualidades, sendo
uma de casca preta; feijão de duas espécies; milho americano; 3 bellos cachos
de coco Acury; 1 tora de balsamo e 1 cacho de coco burity. É bom notar que a
lavoura dessa fazenda é praticada pelo systema mechanico.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Não menos importante
foi a exposição dos productos agrícolas da fazenda do sr. Tancredo França, que de
tudo mandou amostras. Merecem particular destaque os laticinios ali fabricados,
principalmente os queijos que são saborosos.
Muito interesse
despertou também a collecção de jornaes do Triângulo Mineiro feita pelo sr. dr.
Hildebrando Pontes, illustre engenheiro agronomo. A collecção é a mais completa
que se conhece e consta de 83 folhas, até hoje publicada nesta região.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Entre os pavilhões
particulares impressionou magnificamente, não só pela sua esthetica como pelas
exposições de finíssimos artigos que fez, o pavilhão-vitrine do Au Louvre, do sr. Luiz Humberto
Calcagno. Ali vimos a multidão demorar examinando as ultimas novidades que a
moda pôz em vigor quer em confecções, quer em padronagem de fazendas delicadas,
quer em perfumaria, chapeus, calçados, casimiras, que sabemos? de tudo
finalmente que póde ter uma casa da importancia do colosso das Novidades.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Pavilhão que serviu
de mostruário dos objetos de
Luiz Humberto
Calcagno
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
PREMIAÇÕES
Pela
comissão julgadora dos produtos expostos na Exposição Regional desta cidade
foram concedidos os seguintes prêmios:
Medalhas de ouro por
lotes de Zebus, Caracus e Devons: - Segismundo Mendes dos Santos, José Caetano
Borges, Theophilo Rodrigues da Cunha, Geraldino Rodrigues da Cunha, Sergio
Marques da Silva, Manoel Borges de Araujo, Joaquim Machado Borges, José Machado
Borges, Alceu Miranda, José Americo Junqueira, Alexandre B. de Castro, Manoel
Rodrigues da Cunha, Manoel Alves da Costa, Zacharias Machado Borges, Antonio
Machado Borges, Adolpho Mendes dos Santos, Raymundo Soares de Azevedo,
Lindolpho Mendes dos Santos, Hyppolito Rodrigues da Cunha e Ismael Machado.
Tiveram medalhas de ouro por terem apresentado excellentes bois para talho os
srs. Geraldino Rodrigues da Cunha e Vicente Macedo, este expoz um animal de 740
kilos e aquelle um de 733, ambos animaes de ½ sangue zebú.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Touro Príncipe, da
raça Zebu Guzerá, do capitão Alceu de Miranda-Uberaba
Foto: Álbum da exposição agropecuária
realizada em 3 de maio de 1911
(Acervo da Superintendência do Arquivo
Público de Uberaba)
Foram premiados com
medalhas de prata, por lotes de gado zebú, os seguintes srs:- João Sabino,
Manoel Andrade, José Mendonça, Eliezer Mendes dos Santos e Virgilio Rodrigues
da Cunha.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Receberam medalhas de
ouro pelos equineos que expuzeram os srs:- Raymundo Soares de Azevedo, dr.
Gabriel Junqueira, José Americo Junqueira e Adolpho Aguiar. Foram ainda
premiados os seguintes expositores: Carlos A. Salgado e Joaquim Honorio Rosa,
medalha de ouro, pelos muares que apresentaram; José Americo Junqueira e
Vicente Macedo, medalha de ouro, pelos suinos expostos: Vicente Macedo, medalha
de ouro pelas cabras alpinas e casal de gallinhas Plymonth.
(Jornal Lavoura e
Comércio, 11 de maio de 1911. p. 1).
Cavalo meio-sangue, da fazenda Melancias,
pertencente ao coronel José Américo Junqueira. Foto: Álbum da exposição
agropecuária realizada em 3 de maio de 1911. (Acervo da Superintendência do
Arquivo Público de Uberaba)
COMÉRCIO
Durante
os 15 dias de exposição o cotidiano de Uberaba foi totalmente alterado. Os
diversos meios de produção da cidade foram beneficiados com a festa, conforme
consta no livro de atas da Câmara Municipal de Uberaba de 1911. Destacaram-se
os seguintes produtos: tapetes, feitio de jacás para plantas, serviços de
carpinteiro, balões, bandeiras e mais enfeites para a festa da exposição, potes
de barro, sacas e corda para exposição, publicação de avulsos do jornal Lavoura
e Comércio sobre a exposição, serviços de encanamento d’água, confecção dos
tanques, carretos de fogos, mudas de guarirobas, coqueiros e carros de praça,
carretos e condução de animais, madeiras, carreto de canos do Prado S. Benedito
à cidade, torneiras e registros, hospedagem de diversas pessoas e cocheiro para
serviços de carro, edição de um álbum da exposição, fornecimento de luz e
serviços de forragem de animais para o recinto da exposição.
ENCERRAMENTO
DA EXPOSIÇÃO
Ninguém melhor do que o próprio redator do jornal para
fazer o encerramento desse artigo. Afinal, ele esteve presente cobrindo e
vivendo os quinze dias desse megaevento, que foi a Exposição Agropecuária de
1911, realizada na “Villa Explanada do Prado São Benedicto”,
Depois de quinze dias
passados entre encantadoras festas e agradabilissimas impressões, encerra-se
hoje, ás 9 horas da noite, a Exposição Agro-Pecuaria de Uberaba. Do que foi
esse certame do trabalho, mais de uma vez deixamos em relevo nesta folha, que o
acompanhou com o interesse merecido. Fecha-se, permitindo-nos a exaggerada
comparação, um periodo áureo para nós, áureo porque foi fecundo na exhibição
das nossas forças productoras através das suas diversas manifestações, áureo
ainda porque foi um parenthese de luz, de alegrias festivas, aberto na pacatez
da nossa vida sertaneja, como que aldeã. E, felizmente apesar de esgotado o
brilhante programma das festas organisadas para a commemoração dessa memoravel
quinzena, não fecha a nossa feira de trabalho, não se demolirá aquela Villa luminosa, friamente, sem uma nota
fina e elegante, não: para a solemnidade desse acto de tão avultadas proporções
para a nossa vida economica, foram preparadas duas festas de alta diversão: uma
batalha de confetti e um grande baile no paço municipal.
(Jornal Lavoura e
Comercio, 18 de maio de 1911. p. 2).
Revisão geral:
Marta Zednik de Casanova - Superintendente do Arquivo Público de
Uberaba
Pesquisa e redação:
João Eurípedes de Araújo - Diretor de Difusão, Apoio à Pesquisa
e Atendimento
Luiz Henrique Caetano Cellurale - Historiador
Revisão ortográfica:
Maria Rita Trindade Hoyler
FONTES:
·
Álbum
da Exposição Agro-Pecuária realizada em Uberaba (Estado de Minas Gerais) em 3
de maio de 1911. Casa Editora de Publicações Agrícolas Brazileiras. São Paulo,
SP. 1911.
·
Jornal
Lavoura e Comércio 03 de maio de 1911.
·
Jornal
Lavoura e Comercio, 04 de maio de 1911. p. 1.
·
Jornal
Lavoura e Comercio, 07 de maio de 1911. p. 1.
·
Livro
de Atas da Câmara Municipal de Uberaba, Nº 6. – 25 de setembro de 1910 a 24 de
setembro de 1914. Página: 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138 e
139.
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