Imigrantes italianos em Uberaba

Eles desembarcaram em Uberaba no final do século XIX e começo do século XX e ajudaram a construir o mosaico cultural da sociedade uberabense


        Pedreiros, agricultores, ceramistas, funileiros, engenheiros, arquitetos, poetas, pintores, escultores e escritores italianos chegaram a Uberaba em grande quantidade no ano de 1894. Depois dessa data vieram mais alguns, em número menor. Foi o maior contigente de estrangeiros que desembarcou na cidade.
      Oriundos das mais diversas regiões da Itália, touxeram consigo suas famílias e a esperança de construir um futuro melhor no Brasil. Os historiadores identificaram dois tipos distintos de corrente imigratória: a subvencionada e a particular.
      No primeiro caso, os italianos embarcavam em navios em direção ao Brasil com todas as despesas pagas pelo governo de Minas Gerais: hospedagem, passagem e alimentação. Geralmente vinham com toda a família, desde os mais idosos até as crianças. Depois de desembarcarem na cidade do Rio de Janeiro, seguiam para Juiz de Fora e, após uma longa viagem, chegavam em Uberaba, onde permaneciam durante algum tempo no local conhecido como Lazareto, transformado em hospedaria (atual Centro Socioeducativo de Uberaba - Cesur), até serem chamados pelos produtores rurais para trabalhar em suas propriedades.
      Segundo Hildebrando Pontes, em seu livro História de Uberaba e a Civilização do Brasil Central, dentre os que chegaram na cidade podemos destacar alguns: 

     Acciolli, Adamo, Agnelli, Anconi, Andreolerri, Aquino, Bertotelli, Blancato, Bontempi, Assis, Calcagno, Caparelli, Caramori, Cariani, Carlucci, Ciabotto, Cicci, Conti, Colli, Cruvinel, Decina, Delpapa, Fantato, Espindola, Facchetti, Faina, Franzi, Frateschi, Gasparetto, Laterza, Lenza, Lorenzo, Liberato, Macciotti, Manzi, Martino, Minanzi, Molinari, Mori, Manzano, Nomelini, Orneli, Pagliari, Palmieri, Paroneto, Pellegrini, Prieto, Prospero, Pucci, Riccioppo, Ripozato, Tedeschi, Tibery, Toti, Trani e Vito.

            No caso da imigração particular, os italianos chegavam com dinheiro na cidade e pagavam suas próprias despesas. Muitos desses imigrantes, que teriam fundado o bairro Estados Unidos, tornaram-se empreendedores, como é o caso de Paschoal Toti, empresário no ramo de alimentos.
      Em geral, passavam a conviver com a sociedade uberabense da mesma forma que integrantes de outras etnias ou nacionalidades. Alegrias e tristezas permeavam os noticiários do jornal Lavoura e Comércio em relação à vida deles. Muitos se destacaram no ramo empresarial; contudo, não são poucas as noticias do jornal dando conta de problemas policiais envolvendo desentendimentos e crimes.
      A presença dos italianos ajudou a edificar o mosaico no qual se construiu a beleza de nossa cidade. Unidos na esperança de um futuro melhor, que era seu objetivo inicial, com luta e empenho, conseguiram "construir, entre teus horizontes, a mais bela das jóias mais finas" (Ari de Oliveira e Gabriel Toti, autores do hino de Uberaba). 

Família Pucci em Uberaba
Rigoleto de Martino
Família Riccioppo
Comemoração da unificação italiana. 1914
      Nota da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba: Acompanhando a tendência mundial de apoiar a Itália neste momento trágico de sua história, com o avanço incessante da pandemia do novo coronavírus, o Arquivo Público de Uberaba também se solidariza com as vítimas desse país amigo e, por ser depositário de um acervo documental da colônia italiana na cidade, embora se encontre fechado para pesquisas, disponibiliza, na medida do possível, informações relativas à importância da presença italiana na cidade.

Cristo Redentor com as cores da bandeira da Itália, em homenagem às vítimas da pandemia naquele País

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