21 DE ABRIL DE 1960 - INAUGURAÇÃO DE BRASÍLIA
Duas comemorações
No final do século XIX, o então presidente da República do Brasil, marechal Floriano Peixoto, convocou o astrônomo e geógrafo belga Luiz Cruz para escolher o local mais apropriado, no interior do País, onde seria instalada definitivamente a nova capital do Brasil.
Em sete meses, o grupo de 22 pessoas, chefiado por Cruls, percorreu mais de quatro mil quilômetros do Rio de Janeiro ao coração do Brasil.
Passando por Uberaba, através dos trilhos da Mogiana, Cruz chegou com a sua equipe até o Planalto Central, em Goiás. Ao final da viagem, havia delimitado um quadrilátero de 14 mil quilômetros quadrados e feito uma análise cuidadosa da flora, fauna, rios, solos, clima e modo de vida dos habitantes do Planalto.
Detalhe de um atlas escolar luso-brasileiro de 1927, quando não existia Goiânia (a capital era a cidade de "Goyaz", hoje chamada "Goiás Velho") e a ferrovia terminava antes de "Bomfim" (Silvânia). Anápolis era "Santa Anna"; Luziânia, "Santa Luzia"; e Planaltina, "Mestre d'Armas". A área prevista para o "Districto Federal"(conhecida como "Retângulo Cruls" ou "Quadrilátero Cruls") era bem maior que a atual, incluindo Corumbá e a lagoa Formosa. (Doc.brazilia.jor.br/Historia/Cruls.shtm)
Certamente, a missão Crulz foi motivada pelo conflito da Revolta da Armada ocorrida no Rio de Janeiro, então capital federal, entre 1891 a 1894, na qual os marinheiros revoltosos bombardearam a capital por meio dos navios de guerra da Marinha, os chamados “encouraçados” (Aquidaban, Javary, Sete de Setembro, Cruzador República, Cruzador Tamandaré, Cruzador Trajano, Orion, corveta Amazonas, canhoneira Marajó, dentre outros).
Naquela época, julgando a localização do Rio de Janeiro ser vulnerável, o governo republicano demonstrou interesse em transferir a capital federal para o interior do Brasil.
Contudo, somente na gestão do Presidente da República Juscelino Kubistchek (1956 - 1961) a cidade de Brasília foi edificada. A escolha da data de sua inauguração recaiu sobre um feriado anteriormente existente, o dia de Tiradentes, 21 de abril de 1960. Com isso, a bandeira brasileira ganhou mais uma estrela:
Naquela época, julgando a localização do Rio de Janeiro ser vulnerável, o governo republicano demonstrou interesse em transferir a capital federal para o interior do Brasil.
Contudo, somente na gestão do Presidente da República Juscelino Kubistchek (1956 - 1961) a cidade de Brasília foi edificada. A escolha da data de sua inauguração recaiu sobre um feriado anteriormente existente, o dia de Tiradentes, 21 de abril de 1960. Com isso, a bandeira brasileira ganhou mais uma estrela:
A bandeira brasileira ganha, em 1960, estrela em homenagem à cidade de Brasília, capital federal. Imagem: Lavoura e Comércio, 23 de abril de 1960
Portanto, os brasilienses fazem duas comemorações num único dia. O feriado em que se celebra a morte de Tiradentes, instituído pelo governo Vargas através do decreto nº 22.647 de 17 de abril de 1933, e o dia da inauguração da nova capital do País, Brasília.
O jornal uberabense Lavoura e Comércio retratou em tom eufórico os festejos e os anseios vividos durante aquele período. O título da matéria, "Brasília: a capital do século", apresentava as expectativas almejadas com a ocupação e integração do interior do Brasil. Nas palavras do redator:
O jornal uberabense Lavoura e Comércio retratou em tom eufórico os festejos e os anseios vividos durante aquele período. O título da matéria, "Brasília: a capital do século", apresentava as expectativas almejadas com a ocupação e integração do interior do Brasil. Nas palavras do redator:
(...) Com a construção da Cidade Livre, obrigando a abertura de um sistema regular de vias de comunicação, rompeu-se o cordão de isolamento das distâncias, atenuando-se o crescimento acelerado de centros populacionais em relação ao movimento retardado de outros dentro do corpo social da pátria Regiões vastíssimas, até agora além das fronteiras da civilização e da cultura, foram afinal incorporadas à vida brasileira e passaram a constituir novo fator positivo de progresso (...). Lavoura e Comércio, 23 de abril de 1960.
O repórter do jornal, acreditando reproduzir o pensamento dominante da população, afirmava com ufanismo que a construção da nova capital federal iria solucionar o problema de:
(...) populações torturadas pelas dificuldades em que nasciam, vegetavam e morriam sob o signo da miséria, em que as enfermidades eram uma constante e os complexos de inferioridade um fato, gerando problemas sem solução e atitudes de revolta ou de demissão sem remédio, passaram a integrar a comunidade nacional (...) Lavoura e Comércio, 23 de abril de 1960.
A imagem apresenta a equidistância de Brasília às demais capitais
brasileiras, localizando-a como centro irradiador. Imagem: Lavoura e Comércio, 20/04/1960
A Brasília de 1960 contava com apenas 150 professores primários, dos quais 74 em escolas oficiais, duas bibliotecas, 40 leitos para cirurgia, 20 para clínica médica, 20 para obstetrícia e 10 para pediatria.
A população da capital havia sofrido um crescimento demográfico vertiginoso, segundo o jornal, com os seguintes índices: 12.283 em 1957; 2.804 em 1958; 64.314 em 1959; chegando a 120 mil habitantes em 1960. Vejamos as imagens publicadas no jornal sobre o feito da inauguração da capital federal
A população da capital havia sofrido um crescimento demográfico vertiginoso, segundo o jornal, com os seguintes índices: 12.283 em 1957; 2.804 em 1958; 64.314 em 1959; chegando a 120 mil habitantes em 1960. Vejamos as imagens publicadas no jornal sobre o feito da inauguração da capital federal
Imagem do Plano Piloto, traçada pelo urbanista Lúcio Costa, apresentando as principais edificações de Brasília em 1960. Imagem: Jornal Lavoura e Comércio
Hino de Brasília, executado no dia da inauguração em 20 de abril de 1960.
Acervo: Jornal Lavoura e Comércio/ Superintendência do Arquivo Público de Uberaba
Fonte consultada:
Jornal Lavoura e Comércio, 21 de abril de 1960 e 23 de abril de 1960.
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