Águas Brilhantes 6
Miguel
Jacob Neto
Anos atrás, tive acesso aos livros de
Batismo (século XIX) da Catedral Metropolitana de Uberaba.
Deles, retirei o tema destas linhas.
É bem sabido, por historiadores e
interessados, da existência e extermínio de grupos indígenas em nosso
município. Sobre o assunto, bem tratou Luís Bustamante em seu livro “A
Oeste das Minas”.
Pois bem. Por volta de 1820 e tantos,
dos poucos indígenas que restaram na região de Uberaba, alguns viviam nos
aldeamentos: Lanhoso, Uberaba Falsa e Baixa, outros, isoladamente ou em
pequenos grupos familiares, nas áreas rural e urbana do povoado.
Encontrei nos livros da Catedral (
1821 a 1838) alguns batismos de indígenas e descendentes. Sobre eles, dou
informações, (algumas comuns, outras um tanto interessantes):
1 - Treze batizados:
- Oito inocentes (por inocentes,
entendiam-se as crianças com menos de 7 anos): Joanna, Francisco, Maria,
Manuel, Feliciana, Caetano, Manoel e Graciana.
- Um adulto: Josefa.
- Sem idade definida:
Joanna, Francisco, Justino e Jesuino.
2 - Sobre Pais e Filhos:
- Joanna, filha de Affonso e Maria. A
única, com pai e mãe, indígenas.
- Seis mães indígenas
“solteiras”: Maria, mãe de Joanna; Barbara Ignacia, mãe de Manoel; Izabel
Buena, mãe de Jesuino; Joanna, mãe de Graciana; Florisbela, mãe de Feliciana e
Damará, mãe de Caetano.
- Três órfãos: Justino,
Francisco e Josefa.
- Três crianças, com pais de
possível origem racial diferente: Manuel, filho de Honorio Soares e Maria
Rodrigues (índia); Francisco, filho de Pedro Bueno e Catharina(índia); Maria,
filha de José da Roza (índio) e Ignez Soares.
3 – Diversos
- Entre os padrinhos, alguns nomes e
sobrenomes, que deixaram seus sinais pela história de Uberaba: José Fernandes,
João Baptista de Siqueira, Mathilde Clara Roza e Estevão José de Miranda.
- Dos 13 batizados, apenas três são
citados como tendo nascidos na área rural. Um no Lanhoso, um na Espinha, outro
no sítio do Taquaral.
- O batizado mais antigo é o de
Joanna, inocente, em 29 de junho de 1821, feito pelo Vigário Silva. Ela era
filha de Maria, índia. Seu padrinho foi Theodoro Arantes.
- Não há um só nome de origem
indígena entre os batizados. Entre os pais, acho que apenas o de Damará, mãe de
Caetano.
É isso.
Comentários
Muito bom o artigo do Miguel Jacob sobre os batizados de índios em 1821, ainda na antiga Matriz lá na praça Frei Eugênio. O importante é esclarecer bem as fontes de pesquisa para que outros historiadores possam ir pesquisar. Parabéns Miguel pela pesquisa.
Sou da opinião que os artigos de documentos originais do Arquivo Público sejam colocados na íntegra para que o pesquisador/historiador faça sua análise.
Maria Aparecida R. Manzan