Águas Brilhantes 10



CENAS DA HISTÓRIA DO TEATRO EM UBERABA 
1879 A 1900

Primeira Parte

A casa de Theatro em 1879

Há 141 anos, os artistas teatrais em Uberaba já começavam a entender que por aqui as coisas não seriam fáceis.
O Theatro São Luiz, único na cidade, não estava bem das pernas.
No Jornal Gazeta de Uberaba, 18 de maio de 1879, o redator deu um panorama de Uberaba:

“[...]inumeros negociantes, capitalistas e advogados, tres colegios de instrução, um vasto e bem construido cemiterio[...]. Temos um matadouro publico, uma vasta casa de camara; não temos infelizmente, nem uma casa de theatro. [...] A casa do theatro está em ruina completa formando uma especie de mascara no largo da matriz.”


 Empreza Villarouco chega a Uberaba

Em junho de 1879, chegou a Uberaba, a companhia dramática, Empreza Villarouco, sob o comando de Belmiro A. Villarouco, ator, diretor, empresário e o que mais fosse necessário.
Depois de um longo e santificado descanso, Villarouco reuniu seu pessoal e foi visitar o Theatro São Luiz, futuro palco de suas representações.
A alegria de nosso protagonista durou até a porta principal do edifício. Entrando no salão, sua aura ganhou uma tonalidade negra degradê. Partes da construção ameaçavam ruir, cair, desabar.
Belmiro poderia ter dado um treco, um troço, um trem. Mas, operário do teatro, acostumado com terremotos e enchentes, respirou fundo e logo pensou em como iria resolver o problema.
Um pouquinho mais tarde, foi conversar com homens de negócio e de política da cidade. Mas sabem como é que é! Como sua urgência era grande e sua paciência pequena, resolveu por conta própria tirar dinheiro do bolso e bancar a reforma.
Pelas linhas do jornal Gazeta de Uberaba, saudou-se a chegada da Empreza Villarouco, que “vêm quebrar a habitual monotonia e falta de divertimentos que entre nós reina”.

A Estreia

Enquanto aguardavam o fim da reforma, atores e diretor ensaiavam, preparavam cenários, figurinos e se divertiam passeando pelo comércio do centro da cidade, comprando supérfluos em moda na Casa da Barateza ou tomando algo fervoroso na mercearia de Joaquim Roza.
No dia 10 de julho, finalmente, a companhia subiu a cena.
Estudando a programação abaixo, reparo que o diretor dá uma dinâmica interessante: começa com um número musical (executado por uma orquestra de Uberaba), depois ataca com uma comédia curta, o Tio Torquato, pesa depois com uma declamação dramática e levita representando mais duas comédias curtas. Tudo bem ao gosto do público daquele tempo.
               
Gazeta de Uberaba 6 de julho 1879

Balancete

De julho a dezembro de 1879, a Empreza Villarouco, brindou o público uberabense com 17 comédias e 4 dramas. Entre eles: Não há fumo sem fogo; Os dois surdos; Os vampiros sociaes; Milagres de Santo Antonio.                                                                                               
                                                                Miguel Jacob Neto                                                                                          

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