ÁGUAS BRILHANTES 7


Venha comigo, curioso leitor. Vamos sair da avenida Fidelis Reis, entrar na Odilon Fernandes e, ao começar a subida da Avenida Abel Reis, virar à direita. É aqui que eu queria lhe trazer: na Quinta da Boa Esperança. Não ao bairro que recebe o nome, mas à chácara. 
Entremos. Bonito lugar, ar muito agradável, não?! Ali está o casarão (dele não farei descrição). Ele entra no assunto somente para eu lhe falar sobre seu construtor e um dos seus antigos proprietários, o sr. Chrispiniano Tavares.
Ponha bem os olhos aqui, vou lhe contar algumas coisas sobre ele. Era baiano, de Salvador. Nascido em 1855, em tempos de Pedro II. Formou-se em 1881, na Escola de Minas, Ouro Preto-MG. Até fins de 1887, entre outras atividades, foi diretor de Obras Públicas da antiga província de Minas Gerais e empresário no ramo da mineração em Goiás.
Por motivos que desconheço, veio residir em Uberaba, no ano 1888. Aqui, trabalhou como engenheiro fiscal da Mogiana. 

Para que você tenha uma pequena ideia do seu cabedal de conhecimentos, o sr. Chrispiniano   lecionou física, química, geologia e mineralogia no Instituto Zootechnico de Uberaba. Também dirigiu gratuitamente serviços de reforma e construção de prédios públicos, particulares e religiosos de Uberaba.
Faleceu no ano de 1906, em Rio Verde, Goiás.
Para falar um pouco do que o sr. Chrispiniano fez aqui, vou citar as palavras do jornalista Augusto Ribeiro, que em 1894, visitou   a Quinta da Boa Esperança:  
- “Logar proeminente, pela racionalidade seu cultivo, variedade de suas culturas, ordem, methodo, emprego de meios intensivos (...) constitue uma prova do seu adeantamento, o harmonioso conjuncto da Quinta da Boa –Esperança.”
- “Consta de 26 alqueires mineiros. (...) 10 mil cafeeiros na parte superior do terreno, (...) o parreiral de 16 mil vides, plantado methodicamente em estacas de aroeira com fios de arame.”
- “Diversos depósitos, com capacidade para 30 mil litros d’agua, donde partem quatro redes de encanamentos de ferro para todos os mistéres: um para a horta, outro para os alambiques: outro para o jardim e mais outro para a casa de vivenda.”
- “Vem ainda depois a casa de fábrica, tendo, de um lado, o engenho de ferro, um coucassor para o preparo do café; e no centro, o necessario para o fabrico de vinho, da aguardente e do assucar (...)  produzindo-se: vinho nacional tinto e branco, canninha, anizette, peceguina, laranginha, licôres de pecego, de leite, de café, e tantos outros productos que attestam a actividade inexgottavel do seu operoso proprietario. (...) Nessa classe de productos é notavel o cognac, e sobre tudo o vinho obtido com as passas de Málaga.”
- “Tem a quinta quatro monjólos para o fabrico das farinhas de milho e mandioca.”
- “Os estabulos para os animaes de serviço, entre os quais 30 bois, animaes para a carrocinha que, diariamente faz a venda dos productos da quinta pela cidade.” 
- “Muito, ainda se poderia dizer da quinta, e particularmente quanto á cultura das abelhas…”
Agora quero que veja algumas propagandas dos produtos da “Quinta”, publicados no Jornal Gazeta de Uberaba, entre janeiro e julho de 1894: 

Gostou? 

Comentários

Unknown disse…
Fantástico!! Não podemos tampar mais essa história com concreto!

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