Águas Brilhantes 11
Segunda
Parte
O TEATRO
ABOLICIONISTA EM UBERABA
As primeiras manifestações (pelo que achei até o momento) de
tendência abolicionista em Uberaba começam a aparecer, timidamente, em julho de
1879, no jornal Gazeta de Uberaba.
Dessa data em diante,
artigos e notícias sobre o tema vão estar sempre presentes nas páginas do
principal jornal da cidade na época.
A ideia da abolição
vai ganhando corpo entre advogados, jornalistas, médicos, escritores, comerciantes,
escravos e influencia até mesmo alguns fazendeiros escravocratas do município.
Artistas e grupos de
teatro da cidade também se engajaram nesta luta.
Em 1882, a Sociedade
Dramatica Amor a Arte, formada por artistas de Uberaba, apresentou o drama Os
Martyres da Escravidão.
Em seu livro Uberaba:
História, Fatos e Homens, Borges Sampaio informa que em outubro de 1883 foi
criada a Sociedade Dramatica Abolicionista composta por intelectuais e homens
de negócio da cidade, como Salatiel Alves,Tobias Fernandes e Lafayette de
Toledo. O primeiro presidente foi o ator e diretor Belmiro Villarouco. Esta
agremiação nasceu com a intenção de utilizar o teatro como forma de arrecadar
dinheiro e comprar a liberdade para alguns escravos.
E já em de 19 janeiro
de 1884, às 9 da noite, no Theatro São Luis, a Sociedade Dramatica
Abolicionista, com a presença de grande público, entregou à “Rita, escrava do
senhor Luis A. Guimarães Guaritá, a sua carta de liberdade.
Jornal O Waggon. 8 de junho de 1884 |
A Sociedade Dramatica Abolicionista
A S.D. Abolicionista
teve curta duração. No jornal Gazeta de Uberaba, ela aparece em fins de 1883 e
desaparece em 1884(pelo que sei até agora).
Dramas: “Caetaninho ou
o Tempo Colonial” e “A Nobreza do Artista”.
Comédias: “Trinta
Botões”, “A Pupila”,do autor local, João Ludovice; “Um Marido em Suores Frios”,
“Operarios em Greve”, “A Costureira”, “A Esperteza de Rato” e “Amanhã vou
Pedil-la”.
“[...] Esta sociedade,
composta de alguns moços desta cidade, é digno de louvores e de animação, por
concorrer com seu trabalho intelectual para a redenção de nossos irmãos, os
captivos. Avante. Que não lhe faltarão as bênçãos dos seus protegidos e os
aplausos da posteridade”.
Gazeta de Uberaba. 5 de Maio de 1884 |
Miguel Jacob Neto
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