Descendentes de Tiradentes em Uberaba

         

        Os primeiros familiares de Tiradentes chegaram em Uberaba em meados do século XIX. Dona Maria Francisca da Silva, casada com o filho de Tiradentes, João de Almeida Beltrão, transferiu-se para Uberaba trazendo seus filhos, netos de Tiradentes. O memorialista e Agente Executivo de Uberaba, Antônio Borges Sampaio, que chegou na cidade  em 16 de setembro de 1847, publicou um livro onde refez a trajetória de familiares de Tiradentes em Uberaba, baseando-se nas informações que lhes foram passadas por uma filha de Maria, dona Carolina. Ouvindo os seus relatos, Sampaio refez a descendência de Tiradentes, da seguinte maneira:

 

Segundo Sampaio,

 

D. Carolina Augusta Cesarini, a neta do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, reside em Uberaba desde 1848 e nasceu nos Quarteis Gerais em 1819, contando com isso com 85 anno de idade. Em consequencia da moléstia que afflige desde a mocidade, permance deitada em um canapé, conservando o espírito lúcido, e relativamente boa de memória. Uberaba, 21 de abril de 1904".(Lavoura e Comércio, 21 de abril de 1904)

 

         No século XX, apareceram mais descendentes, entre eles, Pedro de Almeida Bretão Junior, Maria Custódia dos Santos e Zoé C. dos Santos. Foi possível identificá-los porque seus nomes foram divulgados nos jornais da cidade, pois passaram a receber pensão do governo militar no ano de 1969. Nessa época, o regime tentava criar um ambiente de ufanismo e estimulava o culto aos heróis da pátria, como o líder da Inconfidência Mineira. O feriado de 21 de abril também foi instituído durante a ditadura militar pela Lei nº 4897.

 


Correio Católico, 18 de outubro de 1969. Acervo: APU

 

    

       Em plena redemocratização, o Congresso aprovou e o então presidente José Sarney sancionou, em 1985, uma lei que estendia o benefício a José Pedro Tiradentes, também uberabense.

        Muitos descendentes residentes em Uberaba, mantiveram o sobrenome Tiradentes, apesar desse nome não passar de apelido.

           A lei 7.705, de 21 de dezembro de 1988, concedeu pensão especial a mais três trinetos de Tiradentes: Jacira Braga de Oliveira, Rosa Braga e Belchior Beltrão Zica. Além destes, também foi concedida à sua tetraneta Lúcia de Oliveira Menezes, por meio da Lei federal 9 255, de 3 de janeiro de 1996, uma pensão especial no valor de R$ 200,00, considerando que o salário mínimo na época era de R$ 116,00.


Fontes consultadas:

·         https://www.ebiografia.com/tiradentes.

·         Jornal Correio Católico, 18 de outubro de 1969.

·         Jornal Lavoura e Comércio, 12 de outubro de 1924.

 

Luiz Henrique Caetano Cellurale

Historiador do Arquivo Público de Uberaba

Comentários

Adelino P. Silva disse…
Nasci em Uberaba, porém moro no Rio de Janeiro desde 1954. Aí em Uberaba estudei no Grupo Escolar Minas Gerais, e posteriormente, por sete anos no Colégio Diocesano. Décadas de 1940 e 1950... O meu amor por Uberaba continuou o mesmo, e apesar da distância sempre procurei conhecer a História de nossa cidade.
Confesso que não sabia desse importante detalhe: a filha de Tiradentes e seus netos moraram em Uberaba e cidades próximas. Uma agradável surpresa.
Um grande abraço para todos do Arquivo Público de Uberaba, acompanhado de meus sinceros parabéns pelo modo como atuam, preservando e enriquecendo com carinho novos conhecimentos a nossa História.
Adelino Pinto da Silva

Postagens mais visitadas deste blog

Curiosidades - Termo "Pé-Rapado"

HISTÓRIA DE UBERABA - 199 ANOS

A tragédia do Bar do Antero em Uberaba no ano de 1969