Adágio da dor nas telas de Fantato
Vi, por várias vezes, o vídeo que André Laterza fez, à distância - ele reside em Brasília-, sobre a obra de Hélvio Fantato (Uberaba, 1920 - idem, 1997). Revi as telas que vira nascer em casa do artista ou na chacrinha chamada Girassol, no Alto do Boa Vista. Por muitas vezes toquei naquelas telas para admirá-las, escrever sobre elas e também levá-las ao Jockey Club, onde, duas vezes, sempre com Demilton Dib, organizei e ajudei a montar exposições delas; uma, por sinal, inesquecível, ocupando todo o salão de festas, sobre imensa escultura quadrangular de ferro. No vídeo, as imagens passam como um filme, ou se fundem umas às outras, como em nossa memória, guiadas pelo Adágio Para Cordas , de Samuel Barber, querendo ser, ele próprio, também um adágio. Relutei em aceitar a música de Barber para uma obra "tão moderna", pois era assim a pintura de Fantato, para os níveis artísticos de Uberaba. A música pareceu-me tão contraditória quanto anacrônica, mas logo entendi que o interess...