LEITURAS INTERESSANTES

ESTRADEIRO PARA ONDE VAI O HOMEM?


Juvenal Arduini nasceu em 1918. Ingressou no Seminário aos 13 anos. Cursou Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte e foi ordenado padre por Dom Alexandre, em 1942. Introduziu, em 1954, na Faculdade de Medicina, a Missa dos Universitários, que celebra até hoje. Além de escritor, foi professor universitário e atua junto aos enfermos, no Hospital São Domingos.

O livro constitui-se de diversos textos, organizados por sessões, cujos conteúdos analisam filosoficamente as situações e os conflitos humanos.

Na primeira sessão, Linguagem Social, no texto “Tarefeiros”, o autor reflete:

A análise fenomenológica revela-nos que, estrutural e existencialmente, o homem é um ser participante. Não se conforma em ser apenas espectador dos acontecimentos. Sente-se diminuído quando é chamado a executar somente tarefas preestabelecidas. O homem não se realiza se tiver apenas que cumprir aquilo que lhe é proposto. Revela a necessidade radical de propor projetos pessoais. Ser autor e não somente ator.
(ARDUINI, 1977, p. 31).

Na sessão posterior, Condição Humana, o texto “Ser Compreensivo” questiona se uma pessoa pode compreender o outro, se ela não for compreensiva. E alguém pode ser compreensivo, sem chegar a compreende-se?

A leitura avança com as sessões Mergulho Antropológico e Na Estrada, na qual aparece o texto “Estradeiro”, que deu o título à obra:

O homem é capaz de partir e de chegar. Mas, o que o define mesmo é a estrada. É um eterno caminhante [...] Caminhar não é só deslocamento físico. É também mobilidade existencial. Caminhar é tornar-se mais consciente e mais livre. Caminhar é assumir a vida, e crescer historicamente. [...] Enquanto o homem estiver caminhando, há sempre esperança. Pois, a grandeza do homem não está em partir ou chegar, mas em manter-se na estrada.
(ARDUINI, 1977, p. 177).

Na sessão Universo Dialogal encontra-se um dos mais lindos textos, “Ouvir”:

Não basta ter ouvidos, para ouvir. Ouvir oferece significados diversos. [...] Existem vários modos de ouvir, e consequentemente vários tipos de surdez. [...] Quantas vezes a pessoa, com perfeita audição física, é surda psicologicamente, surda moral ou socialmente. Há gente que nunca conseguiu ouvir determinadas dimensões da vida humana.
(ARDUINI, 1977, p. 205).

O livro, finalizado pelas sessões Convergência, Chamado da Vida e Outra Dimensão, provoca o leitor, leva-o refletir sobre pontos humanos fundamentais e sensibiliza para uma tomada de decisão quanto aos valores a serem seguidos.
Marise Soares Diniz

Obras do acervo: Temas da Atualidade (1962), Temas Sociais (1964), Homem-Libertação (1972), Horizonte de Esperança: teologia da libertação (1986), Destinação Antropológica (1989) e Testemunhos Inesquecíveis (1999).

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