LEITURAS INTERESSANTES
Lauro Fontoura nasceu em Monte Alegre de Minas em 1903 e faleceu em Uberaba em 1977. Foi jornalista, professor, advogado, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de MG e prefeito de Uberaba num período transitório (1946-1947).
Escreveu o livro de poesias: “Ciclo do amor e da vida” pela editora Rio Grande, sem data. As ilustrações são de Pedro Riccioppo.
Uma das poesias:
Escreveu o livro de poesias: “Ciclo do amor e da vida” pela editora Rio Grande, sem data. As ilustrações são de Pedro Riccioppo.
Uma das poesias:
ÚLTIMO POEMA
Depois de criar doutrinas e teorias,
filosofias e filosofias,
eu,
depois de ser Platão e Galileu,
continuo na mesma, nada tendo,
Continuo amarrado ao rochedo,
sofrendo a angústia milenar de Prometeu
Erguer, ansioso, as mãos às estrelas distantes
e vir, depois, com as mãos vazias como dantes...
Ter os cinco sentidos para que?
Feliz é o que não sente, o que não vê!
É melhor decrescer,
voltar ao que era.
À remotíssima simplicidade,
Ao rudimentarismo da monera.
Viver em outras idades.
Sem lutas, sem arroubos, sem vertigens
Entre o ser e o não ser.
Viver na inércia da neutralidade,
Para nada aspirar, para nada querer.
Antes voltar à antiga calma etérea,
Ao vácuo primitio das origens.
Antes, ao ser que pensa, o vegetal que medra,
ou ter, na infância inócua da matéria,
A paz gelada e mineral da pedra.
Depois de criar doutrinas e teorias,
filosofias e filosofias,
eu,
depois de ser Platão e Galileu,
continuo na mesma, nada tendo,
Continuo amarrado ao rochedo,
sofrendo a angústia milenar de Prometeu
Erguer, ansioso, as mãos às estrelas distantes
e vir, depois, com as mãos vazias como dantes...
Ter os cinco sentidos para que?
Feliz é o que não sente, o que não vê!
É melhor decrescer,
voltar ao que era.
À remotíssima simplicidade,
Ao rudimentarismo da monera.
Viver em outras idades.
Sem lutas, sem arroubos, sem vertigens
Entre o ser e o não ser.
Viver na inércia da neutralidade,
Para nada aspirar, para nada querer.
Antes voltar à antiga calma etérea,
Ao vácuo primitio das origens.
Antes, ao ser que pensa, o vegetal que medra,
ou ter, na infância inócua da matéria,
A paz gelada e mineral da pedra.
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