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AS QUATRO PARTES DO FILME - Crítica de Cinema

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Obra de Hildebrando de Melo Por Guido Bilharinho* A semelhança de um fruto, por exemplo, o filme apresenta, num certo sentido, quatro partes principais: envoltório ou casca, membrana ou película, polpa ou matéria e, finalmente, o núcleo (conteúdo e forma). No caso, o envoltório ou casca consiste na infra-estrutura de produção convocada e posta a serviço de sua realização, permitindo ao diretor a organização e condução da narrativa, fornecendo-lhe meios e modos para que seja efetivada e transmitida com a maior perfeição possível. A membrana ou película (significando a fina pele que entremeia a casca e a polpa, mantendo-as unidas), prefigura-se na competência técnica do diretor e demais membros da equipe. A polpa ou matéria compreende a estória, os fatos e a ação. À primeira vista, segundo o entendimento corrente, seria o fator principal de qualquer obra de ficção. No entanto, simples envoltório, apenas representa, como no símile natural, elemento que compõe

Colonização do Triângulo Mineiro: Origens do Desemboque

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Por Thiago Riccioppo *        Marcelo de Souza Silva *            O antigo sertão da Farinha Podre, onde se formou o município de Uberaba, compreende toda a área que abrange o ângulo formado pelo encontro dos rios Grande e Paranaíba, no sudoeste do Estado de Minas Gerais, limitada pela Serra da Canastra e Mata da Corda. Este território é hoje ocupado pelas micro-regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, com a latitude 19º  45’   27”   e a  longitude 47º  55’   36” . Na vasta área de 4 524 Km 2  , o perímetro urbano uberabense ocupa atualmente 260 Km 2  . A altitude é de  764 metros . Está localizada num ponto equidistante das principais capitais – em média  500 km  – Belo Horizonte, São Paulo e Brasília. Sua localização geográfica tem profunda ligação com a maneira como se deu a ocupação da região  e a  posterior formação do município.              A história da ocupação do Triângulo Mineiro é marcada pelo conflito. Nos seus primórdios, antes da chegada dos ban

Projeto "Ações Educativas Itinerante" da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba é realizado com 200 alunos

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    O Projeto Ações Educativas Itinerante desenvolve um trabalho de informação e divulgação sobre a importância e competências de um Arquivo Público e a evolução histórica da cidade e do patrimônio cultural junto às escolas das redes pública e privada .     Nos dias 17,18 e 21 de novembro, cerca de 200 aluno s foram atendidos no  Sesc Uberaba com aulas ministradas pela professora Luzia Rocha .     O envolvimento dos alunos e professores contribuiu de maneira significativa para que essa ação pedagógica atingisse seus objetivos com sucesso.      A Superintendente do Arquivo Público de Uberaba, Marta Zedinick de Casanova, agradece ao Sesc pela oportunidade de divulgar a história de Uberaba e região. Veja nas imagens como foram as atividades realizadas:

AS QUATRO PARTES DO FILME

Guido Bilharinho A semelhança de um fruto, por exemplo, o filme apresenta, num certo sentido, quatro partes principais: envoltório ou casca, membrana ou película, polpa ou matéria e, finalmente, o núcleo (conteúdo e forma). No caso, o envoltório ou casca consiste na infraestrutura de produção convocada e posta a serviço de sua realização, permitindo ao diretor a organização e condução da narrativa, fornecendo-lhe meios e modos para que seja efetivada e transmitida com a maior perfeição possível. A membrana ou película (significando a fina pele que entremeia a casca e a polpa, mantendo-as unidas), prefigura-se na competência técnica do diretor e demais membros da equipe. A polpa ou matéria compreende a estória, os fatos e a ação. À primeira vista, segundo o entendimento corrente, seria o fator principal de qualquer obra de ficção. No entanto, simples envoltório, apenas representa, como no símile natural, elemento que compõe o filme, independentemente da casca e at

OBRAS-PRIMAS DO CINEMA BRASILEIRO, POR GUIDO BILHARINHO

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Filmes do Irã: A MAÇÃ - As Situações e Suas Circunstâncias

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P or Guido Bilharinho* Uma das particularidades mais acentuadas, senão a mais reiterada de todos os possíveis e variáveis aspectos a serem considerados no cinema iraniano contemporâneo, é a eleição da temática familiar. A abordagem das situações e suas circunstâncias concentra-se geralmente num acontecimento específico, problematizado ficcionalmente. Essa orientação possibilita extremada contenção fática, redundando em decorrente economia de meios e modos. Se a primeira condição permite a viabilização cinematográfica dados seus baixos custos, a segunda restringe seu alcance formal e também técnico, embora este, do ponto de vista cultural e artístico, seja secundário, por instrumental. Já no que tange à forma, a limitação atinge o cerne do fazer artístico, daí decorrendo, como vem acontecendo nessa filmografia, com algumas exceções, a prevalência da estória sobre a elaboração artística, em descumprimento à sua regra básica, que é sua razão de ser, isto é, a produção

Filmes do Irã: Gosto de Cereja, o mistério humano

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O filme Gosto de Cereja (Ta’m-E-Guilass, Irã, 1997), de Abbas Kiarostami (1940-2016), insere-se na linha de seriedade temática, em que o conflito humano não constitui, como no filme comercial, mera sucessão de fatos, acontecimentos, intrigalhadas e choques de interesses. Porém, articula-se a partir da angústia existencial, radicalizando seus efeitos. Não interessa ao cineasta a origem de sua causalidade, ou seja, a motivação que a deflagra e a impulsiona até cristalizar-se na ação fílmica. Não se evidenciam fatos e motivos, mas, atitudes e consequências. Seu foco de interesse restringe-se, mas, simultaneamente, aprofunda-se no cerne da condição humana. Não, porém, de sua problemática objetiva e física, na qual necessidades materiais e orgânicas devam ser atendidas e satisfeitas. Mas, de seu íntimo questionamento, centrado em sentimento angustioso de perplexidade, desencanto e desespero existencial. Ao contrário do palavroso costume ocidental de excessivamente verbalizar e
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Filmes do Irã A CHAVE Significado e Possibilidades  *  Guido Bilharinho Abbas Kiarostami O cinema iraniano contemporâneo é um dos mais vigorosos (e substanciosos) do mundo.          Na natureza e na sociedade nada surge pronto e acabado (muito menos em sete dias, mesmo que se não tome essa indicação periodista em seu sentido próprio e estrito), subsistindo razões (ou pelo menos uma razão) para essa performance. Fundamentando-a, impulsionando-a e dando-lhe conveniente substrato, têm-se milênios de civilização estratificada e consolidada. Se em muitos e importantes aspectos, essa civilização, quanto aos costumes e à tecnologia, não se atualizou, no cinema, ao contrário, atingiu patamar universal, inclusive e principalmente por enraizado e mergulhado em seu pathos profundo.  Uma de suas características fundamentais reside, pois, no contexto social que embasa e condiciona os cineastas, que não só impõe como outorga à obra sua essência. Além, portanto, da tr